Últimos assuntos
[T] ─ Qiang Lei
Página 1 de 1 • Compartilhe
Urakami
Chūnin — Oto
Saí de meu pequeno pensionato com a batida seca da porta de madeira atrás de mim. A minha vizinhança não era exatamente uma silenciosa, já que meu bairro não era exatamente um dos melhores onde se viver; era o que eu podia pagar. Entretanto, me surpreendia o fato de que não era um bairro exatamente perigoso se você não fosse inocente demais. E a sensação de ser apenas uma alma desconhecida, um ninguém, como a maioria dos outros era, era na verdade algo que me agradava. Eu poderia sair quando eu quisesse e não teria grandes preocupações ou perguntas estranhas lançadas em minha direção. E era com este reconforto que meus pés me levavam por várias sequências de escadarias ao final da pequena rua em que eu morava. Esta escadaria era importante, pois conectava ruas menores como a minha com um dos túneis principais para ninjas: A Cova da Serpente.
Quando se tinha dinheiro suficiente em Otogakure, você poderia pagar por uma área de treinamento reservada para você. O um porcento da população adicionalmente poderia pagar por tutores marciais que os ensinariam em todas as artes marciais nativas – ao menos enquanto o dinheiro continuasse entrando. Eu ainda não entendi perfeitamente o ritmo desta cidade, mas todos parecem ser diretos ao ponto, por aqui, pelo que entendo, e gosto disso. Os tutores não escondiam a prioridade que davam ao dinheiro ou o quão patético seria um menino corcunda e franzino filho de um rico tentando aprender um golpe de alto nível. Mas não irei divagar. Quando não se tinha este tipo de dinheiro ou sorte e queria treinar, a sua única opção era a Cova da Serpente: uma grande rede de campos de treinamento mal iluminados ocupado por indivíduos... igualmente mal iluminados, é apenas como posso descrever.
O ambiente era geralmente extremamente competitivo, sujo e com uma má atitude. Eu já disse que gosto do jeito de como os nativos desta aldeia pensam e agem, e isto apenas complementava as coisas; a Cova da Serpente para Otogakure é como a parte apimentada de um belo sanduíche. Não é para todos, mas, os que gostam de pimenta, veem-na como uma saborosa surpresa. — Mas que porra um pirralho está fazendo aqui... — Ouvi sendo ciciado por qualquer um deles depois que desci as escadas e comecei a caminhar ao redor de uma das arenas como se estivesse espreitando, embora, neste caso, eu poderia muito bem ser o centro das atenções. O moleque mais novo.
Em situações como estas, existia apenas uma ação correta, e esta que normalmente pode parecer a menos indicada para um indivíduo dotado de bom senso. Qual ação correta é esta? — Quer treinar? — Inquiri. O homem levemente inclinou a sua cabeça, parcialmente incrédulo com o que ele havia escutado. Ah, a resposta é simples. É a lei da cadeia alimentar: Você encontra o maior animal por perto e desintegra, de maneira sanguinolenta e clara, todos os conceitos que outros podem ter de você através dos punhos. Ele era lento, e, quando se levantou e caminhou para a luz, devo confessar que quase me arrependi. Tive quase certeza que a sua cabeça era menor do que alguns dos músculos que ele possuía em seu peito. Ele falou algo com um semblante sarcástico e que fez boa parte dos homens darem risada. Mas eu não entendi a sua língua. É claro. Eu deveria reconhecer pelos livros e contos; o homem mais forte é sempre um estrangeiro.
Mas eu, assim como todos os outros ali, incluindo o homem que eu desafiara, falávamos uma língua universal: Corri em sua direção, embora quando eu o fizesse, a sua postura corporal não mudasse em nada. Ele estava me subestimando de propósito. Sorri, com o que eu havia aprendido com minha família estando na vanguarda de meus pensamentos. Pulei em uma altura média, uma que me colocava, rudimentarmente, na mesma altura de seus olhos. Finalmente, notei uma tensão em seus músculos dos braços, mas agora era tarde. Golpeei a sua garganta com a parte lateral de minha mão esquerda, posicionada de tal forma que ele perdeu o ar imediatamente. Rodopiei, no ar, batendo as minhas costas em seus ombros para que eu caísse atrás dele. Golpeei-o três vezes, com as pontas de meus dedos, em determinada parte de suas costas; não o machucaria fisicamente, mas forçaria o ínfimo remanescente de ar de seus pulmões a ser expelido violentamente.
Crank. O som seco de seus joelhos batendo no duro concreto do campo de treinamento encerrou o som de sua garganta brigando por ar. Bam. O segundo som foi o de seu peito e de seu rosto caindo no chão em seguida. E, por fim, silêncio. Senti os olhos dos outros em mim, o que me fazia querer sair dali. Mas não o fiz. Ao invés disto, os encarei de volta. Esta era a lei da cadeia alimentar, e eles agora sabiam qual era a minha posição nela.
Quando se tinha dinheiro suficiente em Otogakure, você poderia pagar por uma área de treinamento reservada para você. O um porcento da população adicionalmente poderia pagar por tutores marciais que os ensinariam em todas as artes marciais nativas – ao menos enquanto o dinheiro continuasse entrando. Eu ainda não entendi perfeitamente o ritmo desta cidade, mas todos parecem ser diretos ao ponto, por aqui, pelo que entendo, e gosto disso. Os tutores não escondiam a prioridade que davam ao dinheiro ou o quão patético seria um menino corcunda e franzino filho de um rico tentando aprender um golpe de alto nível. Mas não irei divagar. Quando não se tinha este tipo de dinheiro ou sorte e queria treinar, a sua única opção era a Cova da Serpente: uma grande rede de campos de treinamento mal iluminados ocupado por indivíduos... igualmente mal iluminados, é apenas como posso descrever.
O ambiente era geralmente extremamente competitivo, sujo e com uma má atitude. Eu já disse que gosto do jeito de como os nativos desta aldeia pensam e agem, e isto apenas complementava as coisas; a Cova da Serpente para Otogakure é como a parte apimentada de um belo sanduíche. Não é para todos, mas, os que gostam de pimenta, veem-na como uma saborosa surpresa. — Mas que porra um pirralho está fazendo aqui... — Ouvi sendo ciciado por qualquer um deles depois que desci as escadas e comecei a caminhar ao redor de uma das arenas como se estivesse espreitando, embora, neste caso, eu poderia muito bem ser o centro das atenções. O moleque mais novo.
Em situações como estas, existia apenas uma ação correta, e esta que normalmente pode parecer a menos indicada para um indivíduo dotado de bom senso. Qual ação correta é esta? — Quer treinar? — Inquiri. O homem levemente inclinou a sua cabeça, parcialmente incrédulo com o que ele havia escutado. Ah, a resposta é simples. É a lei da cadeia alimentar: Você encontra o maior animal por perto e desintegra, de maneira sanguinolenta e clara, todos os conceitos que outros podem ter de você através dos punhos. Ele era lento, e, quando se levantou e caminhou para a luz, devo confessar que quase me arrependi. Tive quase certeza que a sua cabeça era menor do que alguns dos músculos que ele possuía em seu peito. Ele falou algo com um semblante sarcástico e que fez boa parte dos homens darem risada. Mas eu não entendi a sua língua. É claro. Eu deveria reconhecer pelos livros e contos; o homem mais forte é sempre um estrangeiro.
Mas eu, assim como todos os outros ali, incluindo o homem que eu desafiara, falávamos uma língua universal: Corri em sua direção, embora quando eu o fizesse, a sua postura corporal não mudasse em nada. Ele estava me subestimando de propósito. Sorri, com o que eu havia aprendido com minha família estando na vanguarda de meus pensamentos. Pulei em uma altura média, uma que me colocava, rudimentarmente, na mesma altura de seus olhos. Finalmente, notei uma tensão em seus músculos dos braços, mas agora era tarde. Golpeei a sua garganta com a parte lateral de minha mão esquerda, posicionada de tal forma que ele perdeu o ar imediatamente. Rodopiei, no ar, batendo as minhas costas em seus ombros para que eu caísse atrás dele. Golpeei-o três vezes, com as pontas de meus dedos, em determinada parte de suas costas; não o machucaria fisicamente, mas forçaria o ínfimo remanescente de ar de seus pulmões a ser expelido violentamente.
Crank. O som seco de seus joelhos batendo no duro concreto do campo de treinamento encerrou o som de sua garganta brigando por ar. Bam. O segundo som foi o de seu peito e de seu rosto caindo no chão em seguida. E, por fim, silêncio. Senti os olhos dos outros em mim, o que me fazia querer sair dali. Mas não o fiz. Ao invés disto, os encarei de volta. Esta era a lei da cadeia alimentar, e eles agora sabiam qual era a minha posição nela.
- Considerações:
- Oitocentas e dezoito palavras em um treino para me conceder um Ponto de Atributo em "Taijutsu". Recompensa dobrada em recorrência do evento "O Dobro ou Nada".
HP: 300/300 ─ CH: 300/300 ─ ST: 00/03
Vila : Otogakure
Mensagens : 195
Data de inscrição : 23/05/2020
Idade : 26
Urakami
Chūnin — Oto
A Cova da Serpente havia se mostrado um lugar apropriado, surpreendentemente. Ou, talvez, eu havia decaído tanto por estar longe de meu clã que eu estava no nível deles. De qualquer forma, após algumas semanas interagindo com o pior que os músculos de Otogakure têm a oferecer, alguns deles se mostraram até amigáveis, embora fossem a minoria. Mas eu já estava acostumado com isso; afinal de contas, a inveja, o ressentimento e o ódio já tinham tirado tudo que me restava, e, do cálice que estes homens frustrados bebericavam eu já havia bebido um oceano inteiro. Ao longo dos dias, eu me limitava a visitar um dos campos de treinamento, trocar alguns golpes remediados com os poucos ninjas que me passavam a certeza de que não guardavam uma adaga por baixo de suas roupas para me apunhalar e treinava um pouco através de alguns exercícios básicos de flexões e abdominais.
Foi em apenas um destes dias rotineiros que tive um encontro interessante. Ou reencontro, devo confessar. O homem que eu havia nocauteado há algumas semanas atrás estava de volta. Desta vez, entretanto, o ambiente parecia muito mais hostil do que antes. Os homens, cobertos de cicatrizes e faixas em seus corpos expostos abriam o caminho para o homem de antes. Agora, as suas vestimentas pareciam muito mais... cerimonais. Um tipo de quimono vermelho e preto. Mas descrevo tudo isto ignorando a enorme lança que ele brandia. Provavelmente o seu tamanho eram três de mim, e ele seria o único capaz de segurar aquela arma com um braço em toda a Otogakure. Não precisei me identificar, é claro. O grande círculo em torno de nós já fez isto por mim. E foi apenas quando ele jurou que iria me matar “em nome do Bushido” que eu me lembrei de todas as histórias.
Um “Bushido” era um guerreiro que acreditava que seria capaz de atingir a paz por evoluir a um nível celestial em artes marciais. Era uma espécie de culto em algumas regiões remotas do País do Arroz, e isto era tudo que eu sabia a respeito. Mas, mais importante do que saber as suas origens, era pensar em uma contramedida para um homem de quase três metros de altura que provavelmente seria capaz de me matar com um soco. O primeiro de seus ataques foi com a enorme lança, que pude desviar apenas por ser mais leve e, portanto, rápido. Desferi um soco com toda a minha força em seu estômago, e eu poderia muito bem ter socado o chão e a sensação seria a mesma. Meus dedos imediatamente foram engolidos pela dormência, e então tive de recuar para não ser partido em dois pelo recuo de sua lança. Eu sabia o que tinha de fazer.
Um “Bushido” não estava atrás de uma vitória, mas de um teste de força. Estes seres bestiais que diziam ter se desvencilhado de conceitos humanos precisavam sentir que eram mais fortes. Certo de que isto iria doer, comecei a respirar fundo enquanto o chão sob meus pés tremia diante da disparada do titã. Por fim, expirei o ar pela última vez, e bloqueei a sua lança antes que atingisse a força máxima com os meus próprios músculos. Eu era muito mais fraco até em comparação com um ninja mediano, é claro, mas tudo que eu precisava fazer era parecer que havia mostrado-o a um desafio digno. Um segundo depois, fui arremessado contra a parede e embainhado em pedregulhos recém quebrados. Isto provavelmente não me faria parecer bem, mas a ausência de uma lança atravessando a fumaça dos destroços e me perfurando deveria ser o suficiente para eu me contentar.
Foi em apenas um destes dias rotineiros que tive um encontro interessante. Ou reencontro, devo confessar. O homem que eu havia nocauteado há algumas semanas atrás estava de volta. Desta vez, entretanto, o ambiente parecia muito mais hostil do que antes. Os homens, cobertos de cicatrizes e faixas em seus corpos expostos abriam o caminho para o homem de antes. Agora, as suas vestimentas pareciam muito mais... cerimonais. Um tipo de quimono vermelho e preto. Mas descrevo tudo isto ignorando a enorme lança que ele brandia. Provavelmente o seu tamanho eram três de mim, e ele seria o único capaz de segurar aquela arma com um braço em toda a Otogakure. Não precisei me identificar, é claro. O grande círculo em torno de nós já fez isto por mim. E foi apenas quando ele jurou que iria me matar “em nome do Bushido” que eu me lembrei de todas as histórias.
Um “Bushido” era um guerreiro que acreditava que seria capaz de atingir a paz por evoluir a um nível celestial em artes marciais. Era uma espécie de culto em algumas regiões remotas do País do Arroz, e isto era tudo que eu sabia a respeito. Mas, mais importante do que saber as suas origens, era pensar em uma contramedida para um homem de quase três metros de altura que provavelmente seria capaz de me matar com um soco. O primeiro de seus ataques foi com a enorme lança, que pude desviar apenas por ser mais leve e, portanto, rápido. Desferi um soco com toda a minha força em seu estômago, e eu poderia muito bem ter socado o chão e a sensação seria a mesma. Meus dedos imediatamente foram engolidos pela dormência, e então tive de recuar para não ser partido em dois pelo recuo de sua lança. Eu sabia o que tinha de fazer.
Um “Bushido” não estava atrás de uma vitória, mas de um teste de força. Estes seres bestiais que diziam ter se desvencilhado de conceitos humanos precisavam sentir que eram mais fortes. Certo de que isto iria doer, comecei a respirar fundo enquanto o chão sob meus pés tremia diante da disparada do titã. Por fim, expirei o ar pela última vez, e bloqueei a sua lança antes que atingisse a força máxima com os meus próprios músculos. Eu era muito mais fraco até em comparação com um ninja mediano, é claro, mas tudo que eu precisava fazer era parecer que havia mostrado-o a um desafio digno. Um segundo depois, fui arremessado contra a parede e embainhado em pedregulhos recém quebrados. Isto provavelmente não me faria parecer bem, mas a ausência de uma lança atravessando a fumaça dos destroços e me perfurando deveria ser o suficiente para eu me contentar.
- Considerações:
- Seiscentas e cinco palavras em um treino para me conceder um Ponto de Atributo em "Força". Recompensa dobrada em recorrência do evento "O Dobro ou Nada".
HP: 300/300 ─ CH: 300/300 ─ ST: 00/03
Vila : Otogakure
Mensagens : 195
Data de inscrição : 23/05/2020
Idade : 26
Urakami
Chūnin — Oto
Ao longo dos anos, eu havia refinado o meu talento com armas ao máximo. Normalmente, eu sou um indivíduo extremamente perfeccionista; se eu realizar dezenove movimentos impecáveis e cometer um deslize no vigésimo em um treinamento, irei me odiar pelo restante do dia. Entretanto, no que tange este meu peculiar talento em disparos e manipulação de projéteis, eu tenho a consciência de minhas habilidades. Reconheço nunca ter encontrado alguém melhor do que eu nesta arte, e treinava todos os dias, incessantemente, para que eu mantivesse esta certeza na vanguarda de meu espírito. E, neste horário – logo depois da meia noite –, eu costumava sair para a superfície para realizar um segundo treino. “Esforçar-se enquanto todos estão dormindo”, diz o ditado. E, também, eu deveria adaptar os meus olhos e as minhas kunais e shuriken para todo tipo de ambiente, e isto incluía os de baixa visibilidade com obstáculos que eu sequer poderia enxergar.
Aterrissei, flexionando meus joelhos para dividir o impacto da queda após uma acrobacia. Logo depois de realizar a manobra aérea, eram os meus ouvidos que agora se atentavam para os diferentes sons, tão familiares para mim, que eu saberia que se aproximavam. Minhas adagas rasgando o ar. O som e as faíscas de meus projéteis colidindo no ar, alterando o seu percurso de acordo com o que eu havia planejado. E, por fim, o som dos troncos com os alvos que eu havia desenhado de manhã sendo atingidos. Desta vez, meus olhos não poderiam confirmar meus acertos, e eu teria de ir pessoalmente checar cada um dos locais. Eu estava acostumado com este local – o oeste da floresta – a um ponto em que eu poderia trilhar pelo escuro absoluto e me dirigir precisamente aos meus alvos, pois eu sabia tudo que estava no caminho.
Assim que me aproximei do primeiro alvo e corri meu dedo indicador, tateando em torno do anel da kunai fincada no alvo, pensando que seria útil ter uma fonte de luz, ocorreu-me uma ideia. E, desta forma, comecei a “olhar” ao meu redor; entre aspas, pois tudo que eu era capaz de enxergar era o escuro. Sempre presente, reconfortante. Meu único amigo. E, através da escassa luz da lua em uma floresta densa, tive uma ideia.
Na tarde seguinte, dei início à minha estratégia, já que esta precisava do auxílio da luz do dia para que pudesse ser testada. Junto de minhas armas, eu trouxe, desta vez, um rolo de fios de aço. Havia emprestado de Kyouka – já que tínhamos treinado mais cedo naquele dia –, e então me certificaria de gastar o mínimo possível. Novamente, repeti a rotina de ontem: Disparei as shurikens e as kunais, todas elas com uma trajetória que se entrelaçava para que tivessem seu percurso alterado no ar. Entretanto, as linhas de aço atadas nelas permitiam um maior controle sobre elas. Eu agora era capaz de tatear pela trajetória e realizar pequenas mudanças. Mas este não era o ponto: Assim que as minhas armas atingiram uma rocha, todos os fios envolviam-na. Não, não todos os fios: Um deles estava em minha boca. — Katon: Gōkakyū no Jutsu! — Balbuciei, expelindo fogo de minha boca diretamente para o fio, que conduzia o fogo ao meu alvo, que era esmigalhado em pedregulhos menores. Estes tipos de momentos eram os raros que realmente me faziam sorrir.
Aterrissei, flexionando meus joelhos para dividir o impacto da queda após uma acrobacia. Logo depois de realizar a manobra aérea, eram os meus ouvidos que agora se atentavam para os diferentes sons, tão familiares para mim, que eu saberia que se aproximavam. Minhas adagas rasgando o ar. O som e as faíscas de meus projéteis colidindo no ar, alterando o seu percurso de acordo com o que eu havia planejado. E, por fim, o som dos troncos com os alvos que eu havia desenhado de manhã sendo atingidos. Desta vez, meus olhos não poderiam confirmar meus acertos, e eu teria de ir pessoalmente checar cada um dos locais. Eu estava acostumado com este local – o oeste da floresta – a um ponto em que eu poderia trilhar pelo escuro absoluto e me dirigir precisamente aos meus alvos, pois eu sabia tudo que estava no caminho.
Assim que me aproximei do primeiro alvo e corri meu dedo indicador, tateando em torno do anel da kunai fincada no alvo, pensando que seria útil ter uma fonte de luz, ocorreu-me uma ideia. E, desta forma, comecei a “olhar” ao meu redor; entre aspas, pois tudo que eu era capaz de enxergar era o escuro. Sempre presente, reconfortante. Meu único amigo. E, através da escassa luz da lua em uma floresta densa, tive uma ideia.
[...]
Na tarde seguinte, dei início à minha estratégia, já que esta precisava do auxílio da luz do dia para que pudesse ser testada. Junto de minhas armas, eu trouxe, desta vez, um rolo de fios de aço. Havia emprestado de Kyouka – já que tínhamos treinado mais cedo naquele dia –, e então me certificaria de gastar o mínimo possível. Novamente, repeti a rotina de ontem: Disparei as shurikens e as kunais, todas elas com uma trajetória que se entrelaçava para que tivessem seu percurso alterado no ar. Entretanto, as linhas de aço atadas nelas permitiam um maior controle sobre elas. Eu agora era capaz de tatear pela trajetória e realizar pequenas mudanças. Mas este não era o ponto: Assim que as minhas armas atingiram uma rocha, todos os fios envolviam-na. Não, não todos os fios: Um deles estava em minha boca. — Katon: Gōkakyū no Jutsu! — Balbuciei, expelindo fogo de minha boca diretamente para o fio, que conduzia o fogo ao meu alvo, que era esmigalhado em pedregulhos menores. Estes tipos de momentos eram os raros que realmente me faziam sorrir.
- Considerações:
- Quinhentas e cinquenta e quatro palavras em um treino [flashback] para me conceder um Ponto de Atributo em "Ninjutsu". Recompensa dobrada em recorrência do evento "O Dobro ou Nada".
- Utilizado(s):
- Katon: Gōkakyū no Jutsu
Rank: C
Selos: Tigre → Carneiro → Macaco → Javali → Cavalo → Tigre
Requerimentos: —
Descrição: Após formar os selos de mão necessários, o usuário amassa seu chakra dentro do corpo e o converte em natureza de fogo e, em seguida, o expulsa da boca. O fogo expelido pode tomar a forma de uma esfera de fogo maciça ou de um lança-chamas contínuo. O alcance do ataque é alterado através do controle do volume de chakra que está sendo reunido. As chamas lançadas vão engolir o seu alvo, e deixar uma cratera na superfície da terra. Esta técnica, aparentemente, exige mais do que as reservas chakra média e dificilmente um genin é capaz de faze-la.
O Clã Uchiha também usa esta técnica como um rito de "maioridade" e, como tal, era uma técnica comum e uma das mais favorecidas entre eles.
HP: 300/300 ─ CH: 260/300 ─ ST: 00/03
Vila : Otogakure
Mensagens : 195
Data de inscrição : 23/05/2020
Idade : 26
Cerberus
Mestre
Aprovados. Farei uma avaliação para todos os treinos. Todos estão claramente bem escritos, mostrando uma narrativa impecável. A descrição dos movimentos nos dois primeiros treinos está ótima, beirando o excelente se colocar um pouco mais de detalhes. Durante o flashback todo o background escolhido para o treino de Ninjutsu é interessante, porém, a conclusão perde a riqueza quando limitada a a única utilização do Ninjutsu, mesmo da maneira que foi feita. No entanto, o contexto em que foi colocado é satisfatório e, novamente, muito bem escrito. Parabéns!
Vila : Sem vila
Mensagens : 344
Data de inscrição : 19/05/2020
Urakami
Chūnin — Oto
Corri, corri e corri. Ao longo do tempo, sinto que isto é tudo que eu estava fazendo; fugindo de meu passado, de minha família, de minhas responsabilidades e de minha identidade. Aos poucos, contudo, as circunstâncias mudavam, e, junto delas, a direção em que eu estava correndo. Eu deixei de correr de algo e comecei a correr em direção a algo. Eu fiquei tempo suficiente em inércia na escuridão para que eu absorvesse parte dela, mesmo quando ela não existisse mais. E, agora, eu corria. Em direção à retribuição e em direção aos meus objetivos. A minha família nunca esquece, e o que aconteceu nunca seria esquecido. Não por mim. Mas, para eu atingir as minhas aspirações, eu deveria correr mais. Correr mais rápido. Correr, correr e correr. E era exatamente isto que eu estava fazendo, agora.
Corri, corri e corri. A floresta que adornava Otogakure como uma coroa, logo em cima de sua cabeça, havia se tornado a minha segunda casa. Sempre achei estranho como nenhum dos ninjas vinha para o oeste da floresta; provavelmente porque não existe nada por aqui além de carvalhos. Inicialmente, eu apenas caminhava por aqui ou subia nas árvores para observar. Depois, pintei alguns alvos para que eu pudesse treinar a minha já proficiente arte no manuseio de shurikenjutsu. Aprendi a fazer com que minhas adagas transpassassem o ar em curvas, fossem elas diagonais, para cima ou para baixo, várias e várias vezes. E, depois, quando entendi que eu estava passando uma significativa porção de minha vida nas florestas do oeste, resolvi mapear este local, já que ele parecia ser um ótimo campo de treinamento e meditação; uma segunda casa.
Mas um ninja não deve depender apenas de kunais e shurikens. O próprio corpo de um shinobi é uma arma, e esta deve ser firmemente afiada. Todos os dias. Até a exaustão. E, para isso, eu corria, corria e corria. Agora mesmo. Quase duzentos metros para o leste, depois o dobro para o oeste cortando pelo norte. Este não era um treino de resistência, mas um de agilidade. Eu precisava me tornar o mais rápido possível. E, para que isto acontecesse, eu não diminuía o meu ritmo nem uma vez sequer, e não priorizava a minha resistência, mas, como eu já disse, a minha velocidade. Corri por túneis naturais íngremes, pulei por cima de árvores e me pendurei em galhos para continuar o percurso que eu havia traçado. Mas eu sou um Uchiha. Nascido para ser acima da média. Então, isto não era tudo.
Crek. Este era o som de meu pé direito pisando sob uma corda que eu mesmo havia escondido na grama. Este era o meu pequeno incentivo do dia anterior para que eu mantivesse-me nas pontas de meus pés e em máxima velocidade durante todo o trajeto: Pulei em um galho, e, depois, pulei mais alto do que o normal. Com o meu corpo na horizontal, girando em alta velocidade, vi dezenas de agulhas passarem raspando em volta de meu corpo; meus olhos eram treinados o suficiente para verem os projéteis mesmo sob estas condições desfavoráveis. Continuei correndo. Desviei de armadilhas, e continuei correndo. Corri, corri e corri. Em direção a alguma coisa. Com a escuridão junto de mim.
Corri, corri e corri. A floresta que adornava Otogakure como uma coroa, logo em cima de sua cabeça, havia se tornado a minha segunda casa. Sempre achei estranho como nenhum dos ninjas vinha para o oeste da floresta; provavelmente porque não existe nada por aqui além de carvalhos. Inicialmente, eu apenas caminhava por aqui ou subia nas árvores para observar. Depois, pintei alguns alvos para que eu pudesse treinar a minha já proficiente arte no manuseio de shurikenjutsu. Aprendi a fazer com que minhas adagas transpassassem o ar em curvas, fossem elas diagonais, para cima ou para baixo, várias e várias vezes. E, depois, quando entendi que eu estava passando uma significativa porção de minha vida nas florestas do oeste, resolvi mapear este local, já que ele parecia ser um ótimo campo de treinamento e meditação; uma segunda casa.
Mas um ninja não deve depender apenas de kunais e shurikens. O próprio corpo de um shinobi é uma arma, e esta deve ser firmemente afiada. Todos os dias. Até a exaustão. E, para isso, eu corria, corria e corria. Agora mesmo. Quase duzentos metros para o leste, depois o dobro para o oeste cortando pelo norte. Este não era um treino de resistência, mas um de agilidade. Eu precisava me tornar o mais rápido possível. E, para que isto acontecesse, eu não diminuía o meu ritmo nem uma vez sequer, e não priorizava a minha resistência, mas, como eu já disse, a minha velocidade. Corri por túneis naturais íngremes, pulei por cima de árvores e me pendurei em galhos para continuar o percurso que eu havia traçado. Mas eu sou um Uchiha. Nascido para ser acima da média. Então, isto não era tudo.
Crek. Este era o som de meu pé direito pisando sob uma corda que eu mesmo havia escondido na grama. Este era o meu pequeno incentivo do dia anterior para que eu mantivesse-me nas pontas de meus pés e em máxima velocidade durante todo o trajeto: Pulei em um galho, e, depois, pulei mais alto do que o normal. Com o meu corpo na horizontal, girando em alta velocidade, vi dezenas de agulhas passarem raspando em volta de meu corpo; meus olhos eram treinados o suficiente para verem os projéteis mesmo sob estas condições desfavoráveis. Continuei correndo. Desviei de armadilhas, e continuei correndo. Corri, corri e corri. Em direção a alguma coisa. Com a escuridão junto de mim.
- Considerações:
- Quinhentas e trinta e oito palavras em um treino para me conceder um Ponto de Atributo em "Destreza". Recompensa dobrada em recorrência do evento "O Dobro ou Nada".
HP: 300/300 ─ CH: 300/300 ─ ST: 00/03
Vila : Otogakure
Mensagens : 195
Data de inscrição : 23/05/2020
Idade : 26
Urakami
Chūnin — Oto
Me exaurir fisicamente possuía um trato específico que, vez era o melhor aspecto de me exercitar até a exaustão, e vez era o pior aspecto de me exercitar até a exaustão: A abstração do pensamento. Eu fazia flexões, abdominais, corrida e artes marciais; eu treinava de tal forma que empurrava o meu corpo para o limite, e, com os meus músculos à beira do rompimento, não era realmente possível pensar em mais alguma coisa. Durante tantas vezes eu fazia exercício apenas para que eu não pensasse em mais nada; pois estava preso em minha própria mente e ela me torturava incessantemente com memórias passadas e possíveis coisas que estavam por vir. E, raramente, embora ainda assim acontecesse, eu não conseguir pensar era a pior das coisas. Na verdade, se eu devo ser sincero, desde que cheguei em Otogakure, este evento particular ocorreu apenas uma vez; Kyōka. Alguém que conheci. Alguém que espero encontrar novamente, embora talvez seja melhor que não.
Flexões. Para cima, e para baixo, para cima e para baixo. Abdominais. Para cima, e para baixo, para cima e para baixo. E, por fim, artes marciais; a estância da águia dourada. Um golpe com a mão esquerda, e, depois, um golpe com a mão direita. Dois chutes com meu pé direito, dois chutes com meu pé esquerdo. Todos estes, desferidos no ar. Repetir esta ação quinhentas vezes, com um intervalo de, no máximo, três segundos entre elas. E, agora, repetir mais quinhentas vezes, embora, desta vez, golpeando uma árvore. Uma. Duas. Três. Quatro... Quatrocentas e noventa e oito, quatrocentas e noventa e nove, quinhentas. Arf, arf, arf. Eu estava esgotado. E esta era a chave para treinar corretamente: Você só começa a realmente contar os seus exercícios uma vez que você chegou ao ponto em que sente que não aguenta mais. Flexões. Para cima, e para baixo, para cima e para baixo. Abdominais. Para cima, e para baixo, para cima e para baixo.
Retirei minhas vestimentas aos poucos conforme eu sentia o suor resvalando pelo meu corpo. No começo, apenas a umidez em minhas extremidades. Alguns golpes depois, algumas gotas. E, vinte minutos depois, um verdadeiro banho de suor, embora agora eu já havia me desvencilhado de minha camiseta e de minhas sandálias, que repousavam, secas e seguras, sob um galho de árvore. Quando eu respirava para dentro, sentia meus pulmões vibrando. Quando eu respirava para fora, sentia que saía tanto ar de minhas narinas que eu criaria um furacão em algum lugar. Minha visão estava turva, talvez. Lembra-se do que falei? Eu não conseguia administrar meus pensamentos nesta situação. A dor em meu coração e em minha alma, sempre presentes, eram substituídos pela dor em meus músculos e articulações enquanto eu estava treinando. E como eu me sentia hoje? Hoje esta sensação parecia ser a melhor de todas. Mesmo que isto estivesse doendo muito agora, e fosse doer ainda mais amanhã.
Golpeei mais uma vez. O intervalo agora foi de vinte e cinco segundos. E golpeei outra vez. Tonteei, expirei e caí para trás, olhando o céu claro que escurecia cada vez mais.
Flexões. Para cima, e para baixo, para cima e para baixo. Abdominais. Para cima, e para baixo, para cima e para baixo. E, por fim, artes marciais; a estância da águia dourada. Um golpe com a mão esquerda, e, depois, um golpe com a mão direita. Dois chutes com meu pé direito, dois chutes com meu pé esquerdo. Todos estes, desferidos no ar. Repetir esta ação quinhentas vezes, com um intervalo de, no máximo, três segundos entre elas. E, agora, repetir mais quinhentas vezes, embora, desta vez, golpeando uma árvore. Uma. Duas. Três. Quatro... Quatrocentas e noventa e oito, quatrocentas e noventa e nove, quinhentas. Arf, arf, arf. Eu estava esgotado. E esta era a chave para treinar corretamente: Você só começa a realmente contar os seus exercícios uma vez que você chegou ao ponto em que sente que não aguenta mais. Flexões. Para cima, e para baixo, para cima e para baixo. Abdominais. Para cima, e para baixo, para cima e para baixo.
Retirei minhas vestimentas aos poucos conforme eu sentia o suor resvalando pelo meu corpo. No começo, apenas a umidez em minhas extremidades. Alguns golpes depois, algumas gotas. E, vinte minutos depois, um verdadeiro banho de suor, embora agora eu já havia me desvencilhado de minha camiseta e de minhas sandálias, que repousavam, secas e seguras, sob um galho de árvore. Quando eu respirava para dentro, sentia meus pulmões vibrando. Quando eu respirava para fora, sentia que saía tanto ar de minhas narinas que eu criaria um furacão em algum lugar. Minha visão estava turva, talvez. Lembra-se do que falei? Eu não conseguia administrar meus pensamentos nesta situação. A dor em meu coração e em minha alma, sempre presentes, eram substituídos pela dor em meus músculos e articulações enquanto eu estava treinando. E como eu me sentia hoje? Hoje esta sensação parecia ser a melhor de todas. Mesmo que isto estivesse doendo muito agora, e fosse doer ainda mais amanhã.
Golpeei mais uma vez. O intervalo agora foi de vinte e cinco segundos. E golpeei outra vez. Tonteei, expirei e caí para trás, olhando o céu claro que escurecia cada vez mais.
- Considerações:
- Quinhentas e trinta e oito palavras em um treino para me conceder um Ponto de Atributo em "Stamina". Recompensa dobrada em recorrência do evento "O Dobro ou Nada".
HP: 300/300 ─ CH: 300/300 ─ ST: 00/03
Vila : Otogakure
Mensagens : 195
Data de inscrição : 23/05/2020
Idade : 26
Ultraviolence
Mestre
Eu realmente não sei direito o que comentar dos dois treinos, eu gostei muito de ler ambos, o segundo, principalmente no segundo paragrafo, parecia que tinha uma dinâmica de rima, ou pode ser bobeira minha, mas eu realmente gostei de ler os dois texto, foi tão fluído que li rapidinho. Parabéns, treino aprovado e 1PdA adquirido em Destreza & Stamina.
@Treinamento avaliado & aprovado.
Vila : Sem vila
Mensagens : 93
Data de inscrição : 29/05/2020
Urakami
Chūnin — Oto
Arco I ── Kairos
Existem alguns motivos por eu não ter desistido, logo no começo, quando eu cheguei em Otogakure. Este era um lugar não muito amigável, construído no subsolo, longe de quase tudo e recluso, de forma que as pessoas por padrão não gostavam de você caso não tivesse nascido lá. E assim foi comigo. Tive a sorte de ter sido encontrado na fronteira por um velhinho, o senhor Tomura, que cuida de mim até hoje. Ele foi a única demonstração de misericórdia deste país nojento que eu dominarei sobre um dia. Apenas alguns dias depois de eu ter chego neste vilarejo, a minha raiva ainda estava aflorada. Eu não conseguia escondê-la, como eu aprendi a fazer nos últimos anos. Eu tinha oito naquela época. E, como você pode imaginar – ou não vai precisar, já que eu lhe contarei a história –, isto não era a melhor coisa a fazer.
Ayato, ou, como era chamado agora, Ren, não tinha exatamente algo para fazer em seu dia agora. Tudo parecia vazio sem a sua família e em um lugar estranho. A academia ninja que seu avô adotivo o havia matriculado era fácil demais e desinteressante. Ia para lá, sentava em um lugar isolado de todos e ia para casa o quanto antes. No final do mês, as suas notas eram sempre as melhores. E o seu estado de espírito, sempre o pior. Para proteger o seu verdadeiro ser, o Ayato, dentro de si, Ren havia florescido; este, diferente daquele que protegia, era distante, frio, orgulhoso de si mesmo e de suas habilidades e arrogante. Isto ajudava a manter a maioria das pessoas longe de si. Para a sua proteção, talvez? Ou para a dos outros? Quem sabe de ambos. Neste momento, Ren fazia a sua aparente única atividade além daquela da academia ninja, que lhe era imposta: ir para a superfície e caminhar pelas florestas vazias ao meio-dia. Ali, ninguém o perturbaria. Não obstante, talvez a grande e esverdeada floresta o lembrasse das poucas memórias remanescentes do País do Fogo. Mas era difícil dizer. O seu rosto estava... dormente.
Caminhei por vários minutos. Na verdade, caminhar na floresta não era problema algum. Apenas sair da vila. Caminhar pelos túneis claustrofóbicos olhando para o chão, evitando todo tipo de perguntas ou interações com outras pessoas. Desviar o meu caminho dos policiais, parte da escória envolvida no assassinato de minha família e de tudo que me trouxe aqui. Todos eles, lixos que seriam executados quando eu tivesse mais poder. Mas, por enquanto, eu deveria esperar. Aguardar pacientemente e treinar mais duro do que todos os outros ninjas deste país. Agora, entretanto, os únicos sons que eu podia ouvir eram os de pássaros que cantavam e das folhas das árvores que dançavam de acordo com o sentido do vento. Estes eram os melhores sons que eu podia ouvir. Se fechasse os meus olhos, poderia fingir, mesmo que por alguns segundos, que eu estava no País do Fogo. E, quando isto não funcionava, eu tinha de treinar. Ocupar a minha mente com o lançamento de armas, cálculo de trajetórias e uso do meu chakra para encobrir toda a dor. E hoje parecia ser um dos dias que eu precisava treinar.
Eu havia memorizado. Tigre, carneiro, macaco, javali, cavalo e tigre. Estes eram os selos para a técnica de liberação de fogo, tão inata aos ninjas de meu clã, tão distante. Eu estava praticando, não fazer estes selos, mas encurtar o tempo que eu levava para realizá-los, ciente de que, quando eu estivesse de frente com alguém que eu precisaria matar, eu não poderia demorar muito em fazê-lo. Repetia os selos, contando mentalmente quanto tempo estava me levando para realizá-los, sentia o chakra de fogo sendo amassado em meus pulmões mas o deixava morrer; eu não poderia gastar chakra em todos os momentos que eu treinasse os selos para este jutsu, é claro. E, então, eu me mantinha apenas nos selos. Tigre, carneiro, macaco, javali, cavalo e tigre. Continuei repetindo, e repetindo, e repetindo. Eles estavam inatos não apenas em minha mente, agora, mas também em minhas mãos, que, por reflexo, em qualquer situação perigosa, recorreriam a estes selos ao invés de qualquer outra coisa. Pois era desta forma que eu deveria estar condicionado a pensar: Uma ferramenta de assassinato.
Existem alguns motivos por eu não ter desistido, logo no começo, quando eu cheguei em Otogakure. Este era um lugar não muito amigável, construído no subsolo, longe de quase tudo e recluso, de forma que as pessoas por padrão não gostavam de você caso não tivesse nascido lá. E assim foi comigo. Tive a sorte de ter sido encontrado na fronteira por um velhinho, o senhor Tomura, que cuida de mim até hoje. Ele foi a única demonstração de misericórdia deste país nojento que eu dominarei sobre um dia. Apenas alguns dias depois de eu ter chego neste vilarejo, a minha raiva ainda estava aflorada. Eu não conseguia escondê-la, como eu aprendi a fazer nos últimos anos. Eu tinha oito naquela época. E, como você pode imaginar – ou não vai precisar, já que eu lhe contarei a história –, isto não era a melhor coisa a fazer.
[...]
Ayato, ou, como era chamado agora, Ren, não tinha exatamente algo para fazer em seu dia agora. Tudo parecia vazio sem a sua família e em um lugar estranho. A academia ninja que seu avô adotivo o havia matriculado era fácil demais e desinteressante. Ia para lá, sentava em um lugar isolado de todos e ia para casa o quanto antes. No final do mês, as suas notas eram sempre as melhores. E o seu estado de espírito, sempre o pior. Para proteger o seu verdadeiro ser, o Ayato, dentro de si, Ren havia florescido; este, diferente daquele que protegia, era distante, frio, orgulhoso de si mesmo e de suas habilidades e arrogante. Isto ajudava a manter a maioria das pessoas longe de si. Para a sua proteção, talvez? Ou para a dos outros? Quem sabe de ambos. Neste momento, Ren fazia a sua aparente única atividade além daquela da academia ninja, que lhe era imposta: ir para a superfície e caminhar pelas florestas vazias ao meio-dia. Ali, ninguém o perturbaria. Não obstante, talvez a grande e esverdeada floresta o lembrasse das poucas memórias remanescentes do País do Fogo. Mas era difícil dizer. O seu rosto estava... dormente.
Caminhei por vários minutos. Na verdade, caminhar na floresta não era problema algum. Apenas sair da vila. Caminhar pelos túneis claustrofóbicos olhando para o chão, evitando todo tipo de perguntas ou interações com outras pessoas. Desviar o meu caminho dos policiais, parte da escória envolvida no assassinato de minha família e de tudo que me trouxe aqui. Todos eles, lixos que seriam executados quando eu tivesse mais poder. Mas, por enquanto, eu deveria esperar. Aguardar pacientemente e treinar mais duro do que todos os outros ninjas deste país. Agora, entretanto, os únicos sons que eu podia ouvir eram os de pássaros que cantavam e das folhas das árvores que dançavam de acordo com o sentido do vento. Estes eram os melhores sons que eu podia ouvir. Se fechasse os meus olhos, poderia fingir, mesmo que por alguns segundos, que eu estava no País do Fogo. E, quando isto não funcionava, eu tinha de treinar. Ocupar a minha mente com o lançamento de armas, cálculo de trajetórias e uso do meu chakra para encobrir toda a dor. E hoje parecia ser um dos dias que eu precisava treinar.
Eu havia memorizado. Tigre, carneiro, macaco, javali, cavalo e tigre. Estes eram os selos para a técnica de liberação de fogo, tão inata aos ninjas de meu clã, tão distante. Eu estava praticando, não fazer estes selos, mas encurtar o tempo que eu levava para realizá-los, ciente de que, quando eu estivesse de frente com alguém que eu precisaria matar, eu não poderia demorar muito em fazê-lo. Repetia os selos, contando mentalmente quanto tempo estava me levando para realizá-los, sentia o chakra de fogo sendo amassado em meus pulmões mas o deixava morrer; eu não poderia gastar chakra em todos os momentos que eu treinasse os selos para este jutsu, é claro. E, então, eu me mantinha apenas nos selos. Tigre, carneiro, macaco, javali, cavalo e tigre. Continuei repetindo, e repetindo, e repetindo. Eles estavam inatos não apenas em minha mente, agora, mas também em minhas mãos, que, por reflexo, em qualquer situação perigosa, recorreriam a estes selos ao invés de qualquer outra coisa. Pois era desta forma que eu deveria estar condicionado a pensar: Uma ferramenta de assassinato.
- Considerações:
- Setecentas e doze palavras em um treino para me conceder um Ponto de Atributo em "Selos de Mão". Recompensa dobrada em recorrência do evento "O Dobro ou Nada".
HP: 300/300 ─ CH: 300/300 ─ ST: 00/03
Vila : Otogakure
Mensagens : 195
Data de inscrição : 23/05/2020
Idade : 26
Piedade
Resultado: 1 PdA em Selos de Mão.
Quanto a narração: Bem fluída, sem nenhum empecilho que poderia dificultar a leitura. Muito bem.
Pro caso de bônus do evento considere-o quando for pedir a alteração na ficha.
Dica ao personagem edgy: Procurar um psicólogo ASAP.
Quanto a narração: Bem fluída, sem nenhum empecilho que poderia dificultar a leitura. Muito bem.
Pro caso de bônus do evento considere-o quando for pedir a alteração na ficha.
Vila : Sem vila
Mensagens : 28
Data de inscrição : 08/06/2020
Urakami
Chūnin — Oto
Arco I, capítulo II — O céu de Zhao
Normalmente, eu não possuía nenhum tipo de conexão especial com o meu clã em si. A maior parte de meu interesse era redirecionado às habilidades que ele me proporcionava, ao invés disso; a conexão com a natureza e com todas as coisas vivas. Entretanto, tempos difíceis pareciam se aproximar. Tensões políticas, mais guerras e a necessidade de controle sobre o nosso próprio território. Não existia, em teoria, muito que eu pudesse fazer, em uma grande escala, para mudar a situação de alguma destas coisas. Mas, como um constante lembrete mortal, esta nuvem negra de preocupações pairava sob a minha cabeça constantemente, e me impulsionava a fazer a única coisa que eu poderia fazer: Aprimorar o meu próprio corpo. As minhas próprias habilidades e a minha conexão com a natureza, e, através dela, um passo adiante sob o controle de meus demônios. Alguém como eu, capaz de perder o controle sobre o próprio poder, não seria capaz de fazer nada em uma situação que exigisse algo de mim. E, por isto, eu deveria procurar ajuda. Como eu disse, eu não possuía nenhum tipo de conexão especial com o meu clã em si. Mas eu possuía algo que todos eles queriam: Poder.
—Você?! Tem certeza? — Redarguiu o homenzarrão, pondo o outro pé para fora de sua pequena casa. Eu estava nos sopés de uma das montanhas do lado exterior da vila, agora. Minha família era notável por popular o lado exterior da vila – a superfície. Suponho que seja para provar um ponto. De quaisquer formas, tive de reafirmar a minha certeza sobre aquilo que eu estava fazendo. — Sim... — Entoei, embora eu não passasse nenhuma confiança ao fazê-lo. Olhei para cima, já que estávamos próximos de uma pequena casa que servia de ponto de entrada para a trilha montanhesa. Percorrendo o trajeto com os meus olhos, devo confessar que parecia ser uma má ideia, até mesmo pra mim. Entretanto, o trajeto de volta para a vila deveria ser umas duas vezes mais longe, e eu já estava aqui de um jeito ou de outro. O quão difícil pode ser, certo? — O funeral é seu, molequinho. — Comentou outra vez o meu querido companheiro de clã. Ganjou era o seu nome. O guardião da montanha, como diziam; o caçador mais hábil do clã, e, por este motivo, o único apto a ocupar este cargo em particular. Não subestimo as suas habilidades nem nada, mas parece apenas uma forma de enaltecer o que ele acha de si mesmo.
Enquanto perscrutávamos os primeiros degraus do passos que atravessavam a montanha, me levei, em memórias e histórias lidas, para as origens da cultura de meus ancestrais. “Hou Ken”. Um guerreiro tido como lendário pelos locais; uma cristalização precisa de artes marciais. Após uma participação em uma sangrenta guerra feudal, Hou Ken chegou à epifania de que, por tornar-se mais forte individualmente do que todos os outros soldados, ele poderia forçar a humanidade a atingir a paz. Um homem empunhando uma glaive e fazendo com que, através de sua chegada no pináculo marcial, a paz fosse forçosamente submetida debaixo do sol. Durante este múnus auto imposto, Hou Ken entendeu que cortar inimigos mais fracos não era o suficiente. E este contexto descreve perfeitamente as motivações para que o guerreiro destemido desse os seus primeiros passos em direção a esta floresta; o “Mar de Árvores”, como era chamada, ou Aokigahara. O chão tremia e folhas farfalhavam abruptamente na anteriormente silenciosa floresta enquanto Hou Ken brandia a sua glaive e derrubava árvores centenas de vezes mais resistentes que os soldados que ele costumava perfurar. Um golpe equivalia a um tronco gigantesco separado em dois, e assim sucessivamente. “Não existe outro caminho para atingir os céus que não seja através da natureza” seria inscrito em sua lápide e em suas biografias anos mais tarde.
— Aqui está bom. — Ouvi de Ganjou. Andamos por muito tempo, e meus ouvidos estavam engraçados por causa da altitude. Ao meu redor, vi várias árvores que pareciam centenárias cortadas ao meio. As raízes secas, e, seus troncos, quase se tornando um com o solo de terra. Antes que pudesse anelar mais um pouco como era o lugar onde estávamos e o que possivelmente poderia acontecer ali, fui violentamente arrancado de meus pensamentos: um sólido, forte chute em meu estômago fez-me cuspir saliva e sangue enquanto me projetava vorazmente através de várias árvores. Perdi o controle sobre o meu próprio corpo, e só o recobrei depois que havia rompido boa parte da floresta. As árvores que eu havia atravessado assemelhavam-se com as que já tinham sido cortadas há tempos imemorias, pela glaive de Hou Ken. Lutei para recobrar meu fôlego tanto quanto eu lutava para ficar de pé novamente. Inspirações e expirações descontroladas, fora de ritmo e que mais me atrapalhavam do que me ajudavam. Ele era muito forte. — Todos os membros que se prezem desta família desenvolveram a capacidade de se curarem de ferimentos. E, não sei se você é muito inteligente, moleque, mas, para você aprender a se curar de algo, o caminho é óbvio. — Entoou, deixando no ar uma verdade que me amedrontava.
[...]
Eu não me lembro de muitas coisas deste dia. Por isto escrevo desta forma; narrando algo do passado. Apanhei, apanhei e apanhei. Em momentos, fui torturado, física e psicologicamente. Após alguns minutos que se passaram horas, entretanto, eu comecei a bater de volta. Não voluntariamente, eu suponho. Mas os demônios que habitam dentro de mim dependem de meu corpo para continuarem vivos, eu suponho, e eles não permitiriam que eu morresse. Eu nunca lutei tão corajosamente antes; suponho que, quando você luta para sobreviver, e não para atingir algum grande objetivo, você esteja disposto a cruzar limites que normalmente não o faria. E, finalmente, senti uma imensa fome. Ao invés de minha barriga ronquejar, entretanto, era a minha alma. E eu não sentia fome de comida, mas... de minha presa? Suponho que esta seja a maneira mais clara que consigo de declarar isto. Alimentei-me de seu pescoço e de parte de seu braço, sem controle sobre mim mesmo, até que aquela parte da floresta tenha sido banhada por sangue, carne viva e entranhas. De seu corpo para a minha boca. E, finalmente, os meus próprios ferimentos começaram a se curar. Como um ciclo vampírico.
Meu cabelo principiou a esbranquiçar-se desde aquele dia. A síndrome da “branca de neve”, os médicos me contaram. Certamente eu paguei um preço; acima de meu cabelo branco ou dos gravíssimos ferimentos que eu e Ganjou sofremos, eu nunca me esqueceria daquele dia. É desta forma que os membros de meu clã podem ativar os seus poderes de regeneração: Canibalizando outro membro de clã. Um batismo de sangue.
- Considerações:
- Mil cento e dez palavras em um treino para me conceder dois Pontos de Atributo em "Auto-Cura".
HP: 300/300 ─ CH: 300/300 ─ ST: 00/05
Vila : Otogakure
Mensagens : 195
Data de inscrição : 23/05/2020
Idade : 26
Ozymandias
@ap
Vila : Sem vila
Mensagens : 41
Data de inscrição : 26/06/2020
Urakami
Chūnin — Oto
Arco I, capítulo II, parte II — O céu de Zhao
Reencontrei Ganjou exatamente uma semana depois, e no mesmo lugar; a sua pequena cabana nos sopés de Aokigahara. Ele já estava me esperando, desta vez, sentado do lado de fora de sua pequena varanda olhando para o chão. O seu semblante estava diferente ao reconhecer a minha presença. O seu pescoço e boa parte de seu braço esquerdo estavam enfaixados e eu havia sido a causa. Desculpe-me, pensei. Ou me senti, não sei se existe muita diferença quando se trata disso. O seu rosto parecia mais ou menos abatido, e seus olhos definitivamente estavam diferentes quando olhava para mim. Hoje, a neblina cobria a maior parte da montanha, descendo deste o seu ponto mais alto como um véu faz com uma noiva. — Vamos subir. — Disse-me, olhando no meu olho por não mais de poucos segundos. Senti que muita coisa havia mudado dentro de mim; uma delas era que, apesar de eu desejar pedir desculpas, não o faria. Aos poucos, começava a entender o código que guiava os guerreiros de meu clã. Não demonstrar fraqueza e nenhum sinal de derrota, mostrando-se como um muro intransponível e impossível de se atravessar. Nesta última semana, mesmo que eu não concorde com o meu clã, posso entender parte de suas motivações.
Novamente nos pomos a subir os degraus cerimoniais da montanha. Novamente o fizemos em silêncio, e, novamente, meus olhos confabulavam a figura etérea de Hou Ken, à distância, decepando árvores e fazendo toda a proximidade vibrar com a sua força marcial sem comparação. Aos poucos, enquanto eu aprendia mais sobre as minhas próprias habilidades e fisionomia, eu descobria mais sobre as motivações deste homem também. Tornar-se forte o suficiente para que ninguém mais tenha de lutar parece uma motivação extremamente nobre e honrável. Penso que Hou Ken deveria ver, quando partia para a guerra, a sua família e os seus amigos se despedindo, à distância, pensando se os veria novamente. A partir desta visão... de meus pais e de possíveis amigos, pessoas que eu amo, despedindo-se de mim, e eu me perguntando se algum dia os veria novamente, e que isso dependeria do quão bom eu seria em matar outras pessoas, acredito que seja fácil compreender este pensamento. “Eu me tornarei forte o suficiente para que eu nunca tenha de me despedir das pessoas que amo, nunca mais”, suponho que seja a ideia principal. E também posso entender porque o meu clã está lutando tanto para reviver estes ideais.
Desta vez, passamos direto pelo “nível” em que paramos da última vez. Subimos, subimos e subimos. Desprovido de muitos agasalhos, senti o gélido abraço da altitude em meu corpo, junto da espessa névoa que havíamos acabado de penetrar. Estávamos alto o suficiente para que minha percepção estivesse diferente e, meus cinco sentidos, levemente confusos. — É aqui. — Delimitou Ganjou. Assim que ouvi as suas palavras, junto de um som de passos acelerados, preparei-me para lutar. Pulei para trás, recuando, e, neste momento, já pude ver as presas de Ganjou que se manifestaram quase junto das minhas. Apesar de que se possa supor que eu tenha ganhado o nosso último confronto, eu não o fiz conscientemente, delineando estratégias e entendendo a força de meu oponente. Eu perdi o controle e o cacei como um animal. Mas isto não se repetiria novamente; caso eu consiga atingir aquele mesmo nível de força enquanto eu me mantenho consciente, serei capaz de me tornar verdadeiramente forte. Capaz de proteger alguém, e não precisar de proteção. Isto é motivação mais do que suficiente, especialmente agora que eu já comprovei a força dos demônios que moram dentro de mim. Eles irão me ajudar. E, caso não queiram, eu irei os obrigar.
As primeiras trocas que fizemos pareciam equivalentes; as minhas presas eram capazes de repelir as dele sem tomarem muito dano, apesar dele controlá-las muito melhor que eu. Pensando bem, ele provavelmente já estava acostumado com o processo que se deu na semana passada. Perguntei-me quantas vezes ele já deve ter feito aquilo; com incontáveis outros ninjas, provavelmente. Aos poucos, incitando-os para o canibalismo para que abram mais um pouco a jaula que contém os seus poderes. Enquanto trocávamos socos, pontapés e cortes, eu podia entender Ganjou. A sua posição não era nem um pouco honrada, no final das contas. Mas ele era um homem com honra. A dor que sentia todos os dias e os vários ferimentos que ele deve ter se submetido com o único propósito de tornar o seu clã, guerreiros com o sangue de seu sangue, mais forte. Ainda existem coisas muito erradas com vocês e as suas tradições, mas acho que os entendo agora. E, acima de entendê-los, acredito que vocês, através de Ganjou, talvez me entendam. Eu era covarde e fraco, é verdade, e por isso era tratado de acordo. Mas agora, mesmo que eu ainda não possua as suas características, não seja muito orgulhoso nem amedronte outros com o meu corpo, acredito que vocês saibam do que sou capaz.
Estas realizações chegaram até mim aos poucos, como um sonho que você se lembra ao longo do dia. E, a cada pequeno fragmento de memória, as minhas presas vermelhas se tornavam mais fortes. Independente disto, os golpes de Ganjou eram completamente abrasadores; eu não possuía o seu porte físico nem de longe, e, portanto, suportá-los era sempre uma tarefa dispendiosa. Mas, por outro lado, este treino estava ressaltando a minha estranha anomalia; “Kakugan”, como era chamada pelos outros ninjas de meu clã. Apenas um de meus olhos recebia uma tonalidade escarlate durante a minha transformação, e isto era, aparentemente, um sinal de que o meu corpo era mais bem adaptado para lidar com a energia natural que corria em nosso sangue. Desta forma, enquanto Ganjou possuía um porte físico melhor e um controle aprimorado sobre os seus poderes, eu possuía a força bruta em minhas manifestações sanguíneas, e seria obrigado a me virar com elas.
E, finalmente, acabamos. Não com um golpe final nem com um lado vencedor, mas com a disciplina. Ganjou havia me testado o suficiente para que, arfante, decretasse o final de nosso confronto. Senti-me em paz, observando as árvores ao nosso redor ao invés de sangue, e folhas de outono ao invés de entranhas humanas. Os meus ferimentos se fechavam rapidamente, assim como os de Ganjou. E, por mais inesperado que isto parecesse, assim que levantei minha cabeça, lutando contra o cansaço, vi a mão estendida de meu oponente. Não para me golpear novamente, mas para me saudar, com um afirmativo gesto com sua cabeça. Em meu semblante apático, retribuí o gesto, olhando para o seu rosto através das frestas em minhas mechas brancas com as quais ainda me acostumava. Tudo isto era novo para mim. Eu irei me curar disto daqui a pouco.
- Considerações:
- Mil cento e vinte e duas palavras em um treino para me conceder dois Pontos de Atributo em "Auto-Cura".
HP: 300/300 ─ CH: 300/300 ─ ST: 00/05
Vila : Otogakure
Mensagens : 195
Data de inscrição : 23/05/2020
Idade : 26
Urakami
Chūnin — Oto
A capacidade de curar feridas apenas com a hipercirculação sanguínea é uma habilidade impopular entre os ninjas, embora seja uma das principais características dos ninjas de meu clã. É inerente em alguns, que já nascem desta forma dependendo de sua ramificação dentro do clã. Em mim, entretanto, foi algo que precisou ser despertado; e é feito através de uma cerimônia em que você canibaliza parte do corpo de um guerreiro do clã que já tenha esta habilidade ativa. Como você pode imaginar, não foi um processo muito agradável, especialmente para alguém como eu. Entretanto, eu sempre me lembrarei deste dia. Foi quando os meus cabelos se tornaram brancos e eu perdi o controle, completamente, pela primeira vez. Foi uma falha e um sucesso ao mesmo tempo, já que me mudou profundamente e permanentemente. Entretanto, algo que está em minha mente desde aquele dia está me incomodando. Não é bem incomodar, na verdade. É mais como utilizar um tapa-olho, sabe? Ele está sempre ali, presente, e você não consegue ignorá-lo. Neste caso, não é um acessório tão simples como um tapa-olho, entretanto; é uma memória. Algo que tem me deixado cada vez mais curioso ao passar dos dias, e sinto que, se eu não expurgar esta memória na forma de palavras, ela não me deixará em paz.
Eu não me lembro bem quantos anos eu tinha nesta época, mas era uma criança e estava na academia ninja, como todas as outras da minha idade. Embora eu deva supor que é aí que as minhas semelhanças com acabam. De qualquer forma, estávamos na saída da escola, então você pode esperar todos os portões decorados com centenas de crianças com seus barulhos altos e seus pais se apressando em buscá-los para que possam continuar com os seus dias. Como você pode esperar, eu não era uma criança muito popular na minha época. E, naquele ano, as crianças tinham uma brincadeira recorrente de jogar uma... centopéia nos outros. É estranho, mas são coisas de moleques, como você deve imaginar. Entretanto, eu sou dotado de grande azar. E, nesta saída em particular, quando um dos pirralhos jogou a centopeia em mim, ela decidiu entrar dentro de meu ouvido. Eu tentei disfarçar e dar risada no começo, mas não demorou muito para que o meu desespero perturbassse a centopéia e o ritual de dor excruciante começasse. Era como uma agulha atravessando o centro de meu tímpano, girando e dançando sob os seus ossos rompidos. Nada muito bonito, não é?
Aquele foi, provavelmente, o pior dia de todos os que tive na Academia. Mas isto não é algo que você esquece facilmente, certo? Não é disso que eu me lembrei. Lembrei-me de que, naquele mesmo dia, mais tarde, fui no banheiro e vi a primeira mecha branca de meu cabelo. Junto dela, agora entendo que eu nunca vi aquela centopeia sair de dentro de mim, na verdade. O que aconteceu com ela? Talvez tenha interagido com as minhas habilidades. Mas eu suponho que o dano que aquele inseto deveria ter causado dentro de mim fosse mortal, certo? Afinal de contas, ela nunca saiu. Mas, então, talvez, eu tenha me “curado”, incoporando o animal dentro de meu corpo de alguma forma que ainda não entendi. Mas, talvez, junto aquela primeira mecha da síndrome que me aturdiu, sinto que eu também descobri os meus poderes naquele dia, percebendo ou não.
Eu não me lembro bem quantos anos eu tinha nesta época, mas era uma criança e estava na academia ninja, como todas as outras da minha idade. Embora eu deva supor que é aí que as minhas semelhanças com acabam. De qualquer forma, estávamos na saída da escola, então você pode esperar todos os portões decorados com centenas de crianças com seus barulhos altos e seus pais se apressando em buscá-los para que possam continuar com os seus dias. Como você pode esperar, eu não era uma criança muito popular na minha época. E, naquele ano, as crianças tinham uma brincadeira recorrente de jogar uma... centopéia nos outros. É estranho, mas são coisas de moleques, como você deve imaginar. Entretanto, eu sou dotado de grande azar. E, nesta saída em particular, quando um dos pirralhos jogou a centopeia em mim, ela decidiu entrar dentro de meu ouvido. Eu tentei disfarçar e dar risada no começo, mas não demorou muito para que o meu desespero perturbassse a centopéia e o ritual de dor excruciante começasse. Era como uma agulha atravessando o centro de meu tímpano, girando e dançando sob os seus ossos rompidos. Nada muito bonito, não é?
Aquele foi, provavelmente, o pior dia de todos os que tive na Academia. Mas isto não é algo que você esquece facilmente, certo? Não é disso que eu me lembrei. Lembrei-me de que, naquele mesmo dia, mais tarde, fui no banheiro e vi a primeira mecha branca de meu cabelo. Junto dela, agora entendo que eu nunca vi aquela centopeia sair de dentro de mim, na verdade. O que aconteceu com ela? Talvez tenha interagido com as minhas habilidades. Mas eu suponho que o dano que aquele inseto deveria ter causado dentro de mim fosse mortal, certo? Afinal de contas, ela nunca saiu. Mas, então, talvez, eu tenha me “curado”, incoporando o animal dentro de meu corpo de alguma forma que ainda não entendi. Mas, talvez, junto aquela primeira mecha da síndrome que me aturdiu, sinto que eu também descobri os meus poderes naquele dia, percebendo ou não.
- Considerações:
- Quinhentas e sessenta e uma palavras em um treino de Flashback para me conceder um Ponto de Atributo em "Auto-Cura".
HP: 300/300 ─ CH: 300/300 ─ ST: 00/05
Vila : Otogakure
Mensagens : 195
Data de inscrição : 23/05/2020
Idade : 26
Ozymandias
@ap 3 pda em auto cura obtidos
Vila : Sem vila
Mensagens : 41
Data de inscrição : 26/06/2020
Conteúdo patrocinado
Página 1 de 1
|
|
Dom Out 15, 2023 5:34 pm por Rhaenys Uchiha
» [Retomada] As chuvas de libertação
Sex Jul 07, 2023 7:51 pm por Myrddin
» [Retomada] O Som de uma Folha - Time Hyakume
Sex Jul 07, 2023 6:02 pm por Wings Of Freedom
» [Lançamentos] O Som de uma Folha - Toyama
Qui Jul 06, 2023 8:05 pm por Game Master
» [Retomada] O Som de uma Folha - Time Toyama
Qui Jul 06, 2023 7:59 pm por trashscoria
» [Lançamentos] O Som de uma Folha - Hyakume
Seg Jul 03, 2023 2:18 pm por Game Master
» [MF] Yutaka
Dom Jul 02, 2023 5:47 pm por Game Master
» Organização de Clãs; Kekkei Genkais & Habilidades Iniciais
Dom Jul 02, 2023 5:41 pm por Game Master
» Organização de Aparência
Dom Jul 02, 2023 5:39 pm por Game Master
» [D] Ryouma
Dom Jul 02, 2023 10:39 am por Game Master
» Pedidos de Avaliação
Dom Jul 02, 2023 10:37 am por Game Master