[FLASHBACK] TIME 3 — O COMEÇO

                 Havia recebido uma carta no dia anterior antes de dormir que precisava deitar o mais cedo possível porque no dia seguinte pelo horário da manhã teria que se encontrar com a sua nova sensei. Ao ler a ultima palavra, Yota não pode conter o entusiasmo. Finalmente havia se tornado um ninja de Konoha de verdade. Tinha acabado de se formar, porém não foram de imediato direcionados para um sensei, então pensou que talvez ele teria que aprender tudo sozinho, porém ao perceber que havia tido apenas um atraso na sua seleção para o time, deixou ele bastante aliviado.  Quando recebeu a mensagem já estava pronto para ir dormir, então apenas terminou a sua higiene e se chocou contra a cama, ansioso para o dia seguinte.

            Acordou bem mais cedo do que o recomendado, mas não queria chegar tarde, pois seu objetivo era dar uma ótima primeira impressão, não era sua intenção deixar o sensei com raiva dele logo no primeiro dia. Queria dar um tempo para que ele gostasse dele, antes de Yota fazer algo que o deixasse irritado. Tudo era um processo para ele. Seus avós estavam dormindo ainda, pois no dia anterior havia sido aniversario de casado deles, então teve que se arrumar no maior silencio possível. Deixou a carta que havia sido convocado em cima da mesa e escreveu com uma caneta de outra cor que talvez fosse demorar um pouco para chegar, pois iria também conhecer as novas pessoas de seu time.

            Só de pensar que também trabalharia em grupo, o deixava com os pelos da nuca arrepiado. Como será que eles seriam? Será que gostariam dele? Será que seriam pessoas legais? Essas e muitas outras perguntas passavam pela cabeça do menino quando saia de sua casa e passeava pelos corredores da vila. Estava um dia nublado, porém ainda era cedo de manhã, e o sol ameaçava aparecer aos poucos por entre as nuvens, então imaginava que talvez aquilo devesse ser por culpa da chuva de uma noite passada. Deu olá para algumas idosas que passavam e encontrava alguns alunos também indo para as aulas da academia. Naquele momento lembrou que talvez no futuro um desses poderia ser até mesmo um de seus próprios pupilos. Percebeu que estava viajando demais quando pensava até mesmo no nome para seu team como jounin no futuro. Balançou a cabeça e se focou no presente.

            Quando chegou na área do treinamento, um pequeno espaço perto de um dos lagos, onde três cadeiras haviam sido postas e um boneco de uma moça estava parado encarando o espaço vazio por trás dos três objetos. Ao se aproximar do local, percebeu que não era um boneco. Uma moça de cabelos longos e vestida com as vestimentas jounins encarava longe de si à distância, parada, parecendo estar esperando alguma coisa. Seria aquela a sua sensei? Yota se perguntava. Ela parecia bem imponente, mas será que era ela mesma? E porque ela estava ali parada sem falar nada? Muitas perguntas passavam pela cabeça dele, porém apenas se sentou na cadeira mais distante para a esquerda, perto do lago, podendo usar aquele lugar como uma escapatória caso aquilo fosse algum tipo de armadilha

            Quando se sentou, a Jounin se mexeu ligeiramente, causando um susto enorme em Yota, mesmo que a mesma só tenha mexido bem de leve a sua cabeça como se para analisar Yota por alguns segundos e bufou antes de olhar para a distância.

            “O QUE VOCÊ QUER DIZER COM ESSE BUFO?” Perguntou, Yota, mas parecia que estava novamente de frente à uma estátua.

Considerações:

— Flashback

Miyawaki Mayu não se consideraria a pessoa mais sociável ou apta para qualquer tipo de contato com pessoas. Naturalmente ela estava feliz por ter tornado-se uma ninja genin, mas havia um nervosismo dissolvido em seu estômago sobe o time. A incerteza de qual equipe seria a sua e sobre as outros dois genins. Apesar de não compreender a fonte do seu nervosismo ela também não conseguia pará-lo completamente. O que lhe rendeu um dia cheio das mais diferentes incertezas e ansiedade, não foi uma experiência agradável e as vezes haviam momentos que ela sentia o coração palpitar apenas por puro nervosismo. E quando o dia finalmente amanheceu ela nem soube como conseguiu chegar até a academia, onde os times seriam anunciados.

Parte dela não estava funcionando direito, com a mente longe e pensamentos confusos se propagando. A sensação que ela tinha é de que poderia, a qualquer momento, desmaiar de nervoso. E todo o conhecimento que ela tinha pareceu que havia vazado pelas suas orelhas e ela viu-se indo para um campo de treinamento, se esquecendo quase completamente do bilhete que tinha recebido. Mas todo o nervosismo que Mayu sentia havia se dissipado, ao menos boa parte, quando ela percebeu que uma das pessoas da sua equipe era... o Yota. Ela o conhecia desde que eram crianças e, apesar de achá-lo um grande cabeça de vento, ainda era uma pessoa conhecida e que ela sentia-se confortável. E, perto dele, havia uma mulher. Bem, talvez a definição de mulher tenha sigo um pouco vaga. Pois ela era realmente muito bonita, talvez a pessoa mais bonita que ela já tinha colocado os olhos.

Mas Mayu não ficou olhando. Ela abaixou os olhos e se juntou a Yota, que parecia estar no meio de alguma coisa, visto que a atenção da mulher estava nele e não parecia ser algo bom. De todo modo Miyawaki não continuou olhando para confirmar o que estava acontecendo, ela na realidade nem falou nada. Só se sentou em silêncio e depois de alguns segundos olhou para o amigo, realmente sentido algum alívio por ter Yota em seu time.

Informações:

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Yota ficou bem feliz com os membros do time que tinha. Mayu e Keishiro poderiam se considerar grandes amigos seus, até mesmo um dos seus melhores amigos durante toda a sua vida, então tê-los no mesmo time era garantia que tudo seria bem divertido e interessante. Quando Mayu chegou olhou para a garota e deu um sorrisinho discreto apenas para que ela percebesse que ele estava também feliz que ele estava ali com ela. Nyoko ainda não encarava os dois, apenas ficava ali esperando para que o terceiro deles chegasse.  Já quando Keishiro chegou e bagunçou seu cabelo, Yota ficou bem mais animado. Saber que ele estaria ali deixava ele bem mais aliviado em saber que teria alguém para implicar e ser implicado sempre que possível. Mayu e ele também tinham uma dinâmica parecida, mas ter dois amigos invés de um para fazer aquilo era bem diferente. Esperava mesmo que os dois também se dessem bem para que não ficasse um clima meio estranho entre eles.

Nyoko se manteve séria enquanto todos chegavam. Sua postura poderia dar medo em quem não estivesse acostumado a lidar com o alto escalão militar da vila, porém para ela aquele era um estado natural. Cada vez que alguns dos genins passavam, ela apenas encarava-os por alguns segundos e se mantinha em silêncio. E isso enfureceu Yota ligeiramente, o que não é difícil de acontecer.

“Porque não bufou para eles?” Falou e por um segundo esqueceu que os outros não estavam ali quando aquilo tinha acontecido. “Vocês acreditam que ela olhou pra mim e deu uma bufada?” Yota reclamou se levantando com claro descontentamento em sua voz.

“Genins.” Nyoko falou pela primeira vez, porém Yota ainda estava falando, se virando apenas para encarar a ela para descobrir de onde viria a voz. “Yota se sente.” A voz dessa vez saiu mais séria e severa, além de que a mesma saber seu nome também havia causado grande medo a ele fazendo com que Yota tremesse um pouco nas estruturas voltando a se sentar apressadamente na cadeira.

Nyoko tossiu para chamar a atenção de todo mundo e depois voltou a falar. “Sou a Jounin resignada para liderar esse time, Nyoko Hyuga.” Ela falava tudo aquilo com o rosto monótono e tentando encarar cada um deles, como se tivesse os analisando. “Quero que se apresentem e diga o porquê de vocês quererem se tornar ninjas. Da esquerda para a direita.” Falou calma, seus olhos caminhando até Yota que ainda se mantinha um pouco assustado com a interação.

Yota tentou se recompuser e foi rápido no que tinha que falar. “Sou Yota, e quero me tornar um ninja para conseguir fazer um favor que minha mãe me pediu.” Ele escutou o que ele mesmo disse e riu de si mesmo do quão bobo aquilo havia soado. “Eu também quero ajudar outras pessoas, né...” Brincou, mas a voz de Nyoko se manteve parada e voltou à atenção à Mayu.

Considerações:

— Flashback

Olhando brevemente para a quarta pessoa que havia juntado-se aos três, quase fez Mayu suspirar de alívio por não precisar lidar com uma pessoa totalmente desconhecida. Sabia quem eram Keishiro, apesar de não ser exatamente próxima. Mas sabia que Yota e ele eram bastante amigos. E, naturalmente, todo o sentimento de calma que ela desenvolveu até aquele ponto, junto ao alívio foram totalmente dissolvidos em constrangimento quando Yota pegou toda a noção a engoliu. Mayu estava boquiaberta, quase em choque por estar presenciado a coragem e burrice humana em sua forma natural mais pura e intocável.

Ela sentia vontade de se estapear na testa repetidas vezes, mas só abaixou a cabeça e fingiu que Yota não estava falando com ela e Keishiro. Existiam coisas que timidez a impediam de fazer, talvez fosse o bom senso se ela estivesse sendo totalmente honesta, mas ela tinha o desejo de jogar Yota no chão e lhe dar uns bons tapas apenas por fazê-los passar vergonha na frente da sensei. E bastou alguns segundos para que Nyoko falasse de novo, quase provocando um ataque cardíaco em Mayu. Se fosse possível ela já teria desaparecido do lugar sem deixar vestígios.

Miyawaki olhou para as próprias mãos, que estavam em seu colo, sentindo-se novamente nervosa com as palavras de Nyoko. Odiava apresentações e exposições como aquela, qualquer motivo que tivesse para ter se tornado uma ninja era apenas seu e ninguém tiraria isso dela. Mas ela nunca verbalizaria seus pensamentos para uma pessoa, que apesar de ser jounin e sensei, desconhecida. Então Mayu ouviu a resposta de Yota, algo que ela mesma tinha escutado no passado, já familiarizada com os motivos do amigo. Não os compreendia, mas achava válido de todo modo. Ela sabia que em seguida seria ela, mas não levantou a cabeça, murmurando com o tom mais confiante que conseguiu encontrar em si mesma: – Mayu Miyawaki. Eu já sou uma ninja... mas desejava ter conhecimento.

Depois disso ela respirou fundo, se acalmando mais e esperando para ouvir a resposta de Keishiro.

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Nyoko apenas observou cada uma das respostas do outro. Não parecendo impressionada com nenhuma das respostas. O rosto dela tremeu ligeiramente quando Keishiro se apresentou. Yota reparou que os olhos dela vagavam entre ele e seu amigo de cabelo avermelhado por alguns segundos, mas depois voltava a focar a sua frente. O garoto não sabia o que tinha acontecido na mente dela, mas sabia que talvez tinha irritado ela bastante.

"O motivo de vocês não é bom o suficiente, eu peço que vocês desistam imediatamente." Yota não conseguiu conter o grito dele quando a sensei proferiu aquelas palavras. Ele se levantou da cadeira já pronto para reclamar mais alto ainda.

"O QUE? O que é um motivo bom para você então?" Gritava ele, porém Nyoko já tinha aprendido como lidar com Yota, apenas não olhando para ele e fingindo que ele não existia.

"A vida do ninja é ardilosa, perigosa e sem volta. O que você vai ver no campo de batalha vai estar preso na mente de vocês. Não acredito que estejam prontos para isso. Então peço para que desistam." Nyoko falou a frase como se tivesse lendo algum tipo de discurso na frente de milhares de pessoas, mantendo a pose de importância, mesmo que a frase em si contesse clara emoções da mesma.

Yota sabia que a mesma não parecia muito sana, mas não acreditava que o Hokage colocaria alguém doido para ensinar para eles. Então acreditou que aquilo não passava de um teste.

"O que você quer que a gente faça então?" Perguntou, mesmo sabendo dentro de si que seria ignorado. Olhou para seus amigos esperando a reação deles em relação a tudo aquilo

Considerações:

— Flashback

A expressão no rosto de Nyoko era assustadora. A seriedade em sua voz e linguagem corporal haviam criado um assombro quase genuíno em Mayu, que honestamente, queria abrir distância entre ela e a sensei, não compreendendo como poderia ser dar bem a partir daquele momento. Tudo o que ela queria naquele momento era ir para casa e dormir por um período longo de tempo. Mas infelizmente ela não poderia simplesmente fugir de situações desconfortáveis da forma como desejava. Então ela cruzou os braços e permaneceu imóvel, apenas ouvindo. Não havia coragem em seu corpo para falar e vencer a timidez naquela situação conflituosa. Miyawaki nem levantou o rosto ao ouvir as palavras de Nyoko, discordando com força de tudo o que ela falou. Yota, no entanto, parecia verbalizar tudo o que Mayu sentia naquele dado momento. Um misto de descrença e vontade de debater para provar que estavam, de algum modo, certos.

Ela ainda era jovem, mas não considerava-se burra. Mayu sabia que ser um ninja era difícil, que demandava sacrifícios. Ninguém realmente começava pronto e sabendo lidar com tudo a todo momento. Afinal eles eram apenas humanos, como todos os ninjas. Ninguém realmente poderia fugir de si mesmo ou da própria humanidade, pois não existiam pessoas perfeitas. Ela fechou os olhos e fingiu que nada estava acontecendo, mesmo que a situação fosse desconfortável ao extremo. Ela não disse nada e pretendia permanecer assim, esperando que as coisas se resolvessem sozinhas.

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Yota se virou para encarar Keishiro que parecia bem sério e se afastou um pouco voltando a se sentar, deixando a situação nas mãos dele sabendo que talvez ele soubesse falar algo mais util que ele. Mesmo que Yota também achasse que talvez a moça não fosse escutar qualquer coisa que fossem falar. Mayu se manteve em silêncio, desconfortável, então o garoto se aproximou dela ainda em sua cadeira, como se quisesse dar sua mão para ela. Sua maior preocupação naquele momento era se a sua amiga estava bem com aquela situação.

Nyoko continuou com sua face sem expressão como se tivesse prestando atenção nas palavras dele. Yota não tinha a minima idéia do que ela estava pensando, pois naquele momento sua preocupação era outra, mas Nyoko apenas via a confirmação à sua frente. Eles haviam decorado muito bem tudo na academia. Ela continuou fingindo prestar atenção no que ele dizia e teve que se esforçar ainda mais para não soltar um riso da atitude de Keishiro. Não acreditava que uma criança de doze anos pudesse ser tão ousada e prepotente àquele ponto. Porém continou-se séria.

"Se vocês não estão dispostos a desistir, vou fazer o meu dever como sensei e ensinar vocês a se defenderem." A Jounin falou. Para ela, era impossivel não dar o alerta antes de continuar com sua apresentação. Depois de tudo que havia vivido não conseguiria ver crianças que ainda pareciam usar fraldas à sua frente entrando de cabeça em algo tão perigoso á sua frente. Seu rosto ainda se mantinha sério e sem expressão enquanto continuava a falar. "Amanhã daremos inicio à algumas missões d e espero que possamos desenvolver melhor nossas habilidades. E eu estarei ajudando vocês com treinamentos pessoais também."

Yota levantou a sobrancelha com a estranha mudança de tom da mulher, mas imaginava que no futuro talvez pudesse entender melhor o que tinha acontecido, ainda mais que agora tinha um time feito com amigos seus então teriam bastante oportunidades para conversar em segredo sobre a sensei.

Logo depois a sensei dispensou todos eles, os avisando que dia seguinte iriam se encontrar pela manhã no quadro de missões para começar o trabalho.

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