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[Treinos] The Ancient Art of Training
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Itto
Genin — Kiri
Hoje de manhã eu despertei subitamente, como se o meu próprio corpo fosse um outro ser, totalmente independente a mim, me levantando após o longo período de espera e tédio lhe impelir a atividade. Já a minha mente estava vazia. Eu consegui apenas reagir de modo letárgico aos estímulos exteriores, como num automatismo mecânico, mas, nessa manhã, como em todas as outras, a minha mente mantinha-se ainda em processo de se despertar a si mesma, e isso tomava um certo tempo.
A saúde e os anos de treinamento permitiam que eu dormisse instantaneamente em qualquer lugar ou circunstância, mas meu sono costumava ser espantosamente curto. Assim tinha acontecido na noite anterior. Depois de retornar à minha quitinete, havia-me deitado completamente vestido no aposento único e adormeci imediatamente, mas quando os pássaros começaram a chilrear do lado de fora da casa, eu já estava acordado.
Da janela da minha casa não se vê nem um monte. O horizonte é circunscrito aos fundos dos quintais das casas vizinhas com as minhas cordas de roupa a lavar, suas chaminés e o piar dos pássaros. O sol já começava a alçar o seu imperioso trajeto, aparecendo no horizonte, e as tênues luzes filtradas pelos bicos das árvores começavam a acender-se por detrás das vidraças. Era o começo de um belo dia; nevoeiro baixo e nuvens de algodão muito altivas e esparsas, exibindo formatos que me lembraram desenhos na areia fofa feitos com os dedos da mão aberta.
Depois do banheiro e do café, pus-me abruptamente para fora de casa. Tinha planos em mente. Partir pela rua principal, essa artéria que liga os pontos principais do vilarejo. O tráfego estava regular, sem muito ruído ou aperto, combinando com o caráter tranquilo do vilarejo. O ar apresentava-se úmido e macio, e docemente o sol faíscava no chão. Nas calçadas caminhavam moradores: transeuntes, público, povo. Como em todas as ruas da aldeia da Névoa, havia de toda gente, de várias condições, nascimentos e fortunas. Os bem vestidos e os mal vestidos, os elegantes e os pobres, os feios e os bonitos, os inteligentes e os ineptos, passeavam com respeito, com concentração, calados ou cochichando.
Em certa altura eu passei pela frente da academia, dobrei a rua, atravessei a ponte, arqueada entre a ilha principal e a pequena ilhota — usada oficialmente pelos ninjas da Vila para treinamentos —, e em pouco tempo, finquei os meus pés nos gramados do campo de treinamento. Abri e removi parcialmente o meu quimono verde pálido, que ficou pendendo junto ao meu hakama verde ligeiramente mais escuro, amarrado na cintura com uma faixa verde escura, deixando o meu torso descoberto. Este foi o início dos preparativos. Em seguida eu iria aquecer o corpo para torná-lo predisposto ao treinamento físico. Comecei correndo pelo perímetro da área relvada. Neste momento é que se toma a consciência completa da respiração. De forma a maximizar a minha eficiência eu fui tentando harmonizá-la em sincronia com a atividade. Inspirava o ar daquela esplêndida manhã até alcançar a amplitude máxima da minha capacidade pulmonar, fazia uma micro pausa, para só então, soltar todo ar, de forma a esvaziar a minha caixa torácica até o limite possível. Eu gostava de percorrer por toda a região, como um explorador.
Algum tempo depois, após concluir a corrida, eu escolhi uma localidade e fiquei de pé com os joelhos e pés unidos. Em seguida, dei um grande passo com a perna direta para o lado direito e desci o quadril em direção ao chão, como o movimento tradicional do agachamento. Os braços, porém, permaneceram abaixados ao lado do corpo, e não à frente. O meu joelho não ficou estendido além dos dedos do pé, mantendo a perna esquerda relativamente reta durante o movimento. Subi, voltei para a posição original e repeti do outro lado. Realizei algumas séries com várias repetições cada. Em seguida, eu apoiei as mãos no chão, dei um impulso e elevei o corpo verticalmente, permanecendo parado alguns minutos, de cabeça para baixo, como o movimento tradicional da bananeira. Após algumas repetições o meu corpo já se encontrava pronto para realizar os movimentos mais avançados.
Agora eu firmava os pés ao chão, dobrando ligeiramente os joelhos e arqueando o tronco em conjunto. Várias lâminas de ossos, longos e pontiagudos como lanças, brotavam do meu corpo, nas mãos, braços, cotovelos, joelhos e ombros, rompendo a carne e a pele macia e as provocando a se regenerarem no ato. Deste conjunto de armas ósseas, as mais impressionantes eram as que saíam pelo centro das minhas palmas das mãos, como espadas selvagens. Após assumir a posição eu já estava pronto para iniciar a dança. Com um súbito movimento de arrancada, eu me locomovi em disparada, de encontro as árvores adjacentes, ziguezagueando os arbustos e as raízes mais protuberantes que estavam no caminho, de modo a contorna-los a todo vapor.
Ato contínuo, eu investi algumas sequências de socos — alternando o punho direito e esquerdo —, intercalando com outras sequências de chutes, frontais e giratórios, além de rodopios, troca de base e movimentações erráticas, aleatórios e imprevisíveis; e tudo isso com a velocidade incomparável do raio. Os alvos destes golpes de taijutsu eram as árvores próximas, que se sacudiam e tremelicavam de cima a baixo, como se com grande pavor estivessem. Imensas e diversas marcas de cicatrizes eram deixadas pelas minhas armas ósseas nos arvoredos, tendo algumas dessas árvores mais franzinas ganhado certa predisposição para começar a tombar inexoravelmente. O farfalhar se intensificava como acontece nas tempestades, os meus cabelos se eriçavam e o meu sangue galopava pelas veias com uma alegria bestial me levando ao paroxismo.
Pude notar com a visão periférica que começavam a descer gradativamente as diversas folhas das copas dos diferentes tipos de árvores locais, atingidas por mim, como uma espécie de pedido de rendição. O súbito movimento dos meus olhos grandes mostrou que eu estava prestes a negar-lhes o pedido. Com um rompante impetuoso, fui de encontro as diminutas folhas que dançavam a música do vento, e tentei rasgá-las em pleno ar, usando as minhas lâminas ósseas. Tal atividade exigia-me enorme destreza, pois além da dificuldade de prever os voos dinâmicos que as folhas faziam ao sabor da ventania, eu precisava ajustar e calcular o posicionamento do meu corpo para poder atingi-las antes mesmo que o vento derivado das minhas estocadas influenciasse o movimento das folhas. E a área na qual elas levitavam temporariamente era grande, aumentando assim a dificuldade para realizar tal ato. Quando não restaram mais folhas para eu abater, retornava as árvores, repetindo tudo em ciclos intermináveis. Várias das árvores não resistiram e tombaram. E eu, ao fim deste intenso treinamento, larguei-me solenemente ao solo também, exausto. Ao meu redor, até onde o olhar abrangia avistava-se apenas uma vasta extensão de mata que parecia ter sido devastada por um furacão. O sol já tinha desaparecido do horizonte e as tênues luzes dos postes e dos lampiões começavam a acender-se pela ilha.
A saúde e os anos de treinamento permitiam que eu dormisse instantaneamente em qualquer lugar ou circunstância, mas meu sono costumava ser espantosamente curto. Assim tinha acontecido na noite anterior. Depois de retornar à minha quitinete, havia-me deitado completamente vestido no aposento único e adormeci imediatamente, mas quando os pássaros começaram a chilrear do lado de fora da casa, eu já estava acordado.
Da janela da minha casa não se vê nem um monte. O horizonte é circunscrito aos fundos dos quintais das casas vizinhas com as minhas cordas de roupa a lavar, suas chaminés e o piar dos pássaros. O sol já começava a alçar o seu imperioso trajeto, aparecendo no horizonte, e as tênues luzes filtradas pelos bicos das árvores começavam a acender-se por detrás das vidraças. Era o começo de um belo dia; nevoeiro baixo e nuvens de algodão muito altivas e esparsas, exibindo formatos que me lembraram desenhos na areia fofa feitos com os dedos da mão aberta.
Depois do banheiro e do café, pus-me abruptamente para fora de casa. Tinha planos em mente. Partir pela rua principal, essa artéria que liga os pontos principais do vilarejo. O tráfego estava regular, sem muito ruído ou aperto, combinando com o caráter tranquilo do vilarejo. O ar apresentava-se úmido e macio, e docemente o sol faíscava no chão. Nas calçadas caminhavam moradores: transeuntes, público, povo. Como em todas as ruas da aldeia da Névoa, havia de toda gente, de várias condições, nascimentos e fortunas. Os bem vestidos e os mal vestidos, os elegantes e os pobres, os feios e os bonitos, os inteligentes e os ineptos, passeavam com respeito, com concentração, calados ou cochichando.
Em certa altura eu passei pela frente da academia, dobrei a rua, atravessei a ponte, arqueada entre a ilha principal e a pequena ilhota — usada oficialmente pelos ninjas da Vila para treinamentos —, e em pouco tempo, finquei os meus pés nos gramados do campo de treinamento. Abri e removi parcialmente o meu quimono verde pálido, que ficou pendendo junto ao meu hakama verde ligeiramente mais escuro, amarrado na cintura com uma faixa verde escura, deixando o meu torso descoberto. Este foi o início dos preparativos. Em seguida eu iria aquecer o corpo para torná-lo predisposto ao treinamento físico. Comecei correndo pelo perímetro da área relvada. Neste momento é que se toma a consciência completa da respiração. De forma a maximizar a minha eficiência eu fui tentando harmonizá-la em sincronia com a atividade. Inspirava o ar daquela esplêndida manhã até alcançar a amplitude máxima da minha capacidade pulmonar, fazia uma micro pausa, para só então, soltar todo ar, de forma a esvaziar a minha caixa torácica até o limite possível. Eu gostava de percorrer por toda a região, como um explorador.
Algum tempo depois, após concluir a corrida, eu escolhi uma localidade e fiquei de pé com os joelhos e pés unidos. Em seguida, dei um grande passo com a perna direta para o lado direito e desci o quadril em direção ao chão, como o movimento tradicional do agachamento. Os braços, porém, permaneceram abaixados ao lado do corpo, e não à frente. O meu joelho não ficou estendido além dos dedos do pé, mantendo a perna esquerda relativamente reta durante o movimento. Subi, voltei para a posição original e repeti do outro lado. Realizei algumas séries com várias repetições cada. Em seguida, eu apoiei as mãos no chão, dei um impulso e elevei o corpo verticalmente, permanecendo parado alguns minutos, de cabeça para baixo, como o movimento tradicional da bananeira. Após algumas repetições o meu corpo já se encontrava pronto para realizar os movimentos mais avançados.
Agora eu firmava os pés ao chão, dobrando ligeiramente os joelhos e arqueando o tronco em conjunto. Várias lâminas de ossos, longos e pontiagudos como lanças, brotavam do meu corpo, nas mãos, braços, cotovelos, joelhos e ombros, rompendo a carne e a pele macia e as provocando a se regenerarem no ato. Deste conjunto de armas ósseas, as mais impressionantes eram as que saíam pelo centro das minhas palmas das mãos, como espadas selvagens. Após assumir a posição eu já estava pronto para iniciar a dança. Com um súbito movimento de arrancada, eu me locomovi em disparada, de encontro as árvores adjacentes, ziguezagueando os arbustos e as raízes mais protuberantes que estavam no caminho, de modo a contorna-los a todo vapor.
Ato contínuo, eu investi algumas sequências de socos — alternando o punho direito e esquerdo —, intercalando com outras sequências de chutes, frontais e giratórios, além de rodopios, troca de base e movimentações erráticas, aleatórios e imprevisíveis; e tudo isso com a velocidade incomparável do raio. Os alvos destes golpes de taijutsu eram as árvores próximas, que se sacudiam e tremelicavam de cima a baixo, como se com grande pavor estivessem. Imensas e diversas marcas de cicatrizes eram deixadas pelas minhas armas ósseas nos arvoredos, tendo algumas dessas árvores mais franzinas ganhado certa predisposição para começar a tombar inexoravelmente. O farfalhar se intensificava como acontece nas tempestades, os meus cabelos se eriçavam e o meu sangue galopava pelas veias com uma alegria bestial me levando ao paroxismo.
Pude notar com a visão periférica que começavam a descer gradativamente as diversas folhas das copas dos diferentes tipos de árvores locais, atingidas por mim, como uma espécie de pedido de rendição. O súbito movimento dos meus olhos grandes mostrou que eu estava prestes a negar-lhes o pedido. Com um rompante impetuoso, fui de encontro as diminutas folhas que dançavam a música do vento, e tentei rasgá-las em pleno ar, usando as minhas lâminas ósseas. Tal atividade exigia-me enorme destreza, pois além da dificuldade de prever os voos dinâmicos que as folhas faziam ao sabor da ventania, eu precisava ajustar e calcular o posicionamento do meu corpo para poder atingi-las antes mesmo que o vento derivado das minhas estocadas influenciasse o movimento das folhas. E a área na qual elas levitavam temporariamente era grande, aumentando assim a dificuldade para realizar tal ato. Quando não restaram mais folhas para eu abater, retornava as árvores, repetindo tudo em ciclos intermináveis. Várias das árvores não resistiram e tombaram. E eu, ao fim deste intenso treinamento, larguei-me solenemente ao solo também, exausto. Ao meu redor, até onde o olhar abrangia avistava-se apenas uma vasta extensão de mata que parecia ter sido devastada por um furacão. O sol já tinha desaparecido do horizonte e as tênues luzes dos postes e dos lampiões começavam a acender-se pela ilha.
HP 300/300 | CK 120/300 | ST 04/04
- Informações:
- Técnica:
- Yanagi no Mai
Rank: B
Descrição: Para executar esta dança, Kimimaro cresce várias lâminas de osso longo de seu corpo para usar como armas. Embora ele usa principalmente duas lâminas crescente de as palmas das suas mãos, ele também usa vários ossos secundários crescendo dos cotovelos, joelhos e ombros. Esta forma de dança é extremamente acrobáticos, utilizando spins, encargos e longo barras varrendo para tornar os ataques mais eficazes e de evadir ataques dos oponentes contra. Kimimaro também pode estender seus ossos para atacar seus oponentes sem ter que ajustar seu próprio movimento.
Vila : Sem vila
Mensagens : 128
Data de inscrição : 22/05/2020
Ultraviolence
Mestre
Bom post, não tem muito o que comentar. Parabéns, 2 PdA adquirido em Taijutsu & Destreza.
@Treinamento avaliado & aprovado.
Vila : Sem vila
Mensagens : 93
Data de inscrição : 29/05/2020
Itto
Genin — Kiri
É dia de semana, por volta das sete horas da manhã, a estação do ano todo mundo sabe. A cerração ainda envolve tudo. Do lado da terra, mal se enxergam as partes baixas do ambiente próximo; para o lado do mar, então, a vista é impotente contra aquela treva esbranquiçada e flutuante, contra aquela muralha de flocos e opaca, que se condensa ali e aqui em aparições, em semelhanças de coisas. O mar está silencioso: há grandes intervalos entre o seu fraco marulho. Vê-se da praia um pequeno trecho, sujo, coberto de algas, e o odor da maresia parece mais forte com a neblina. Para a esquerda e para a direita, é o desconhecido, o Mistério. Entretanto, aquela pasta espessa, de uma claridade difusa, está povoada de ruídos. O chiar das águas dos rios, os apitos irregulares da aldeia, os estalos desapressados das carroças enchem aquela manhã indecifrável e taciturna; e ouve-se a bulha compassada de remos que ferem o mar.
O tempo é razoavelmente bom, indiferente. Não chove, mas o céu também não está limpo; é de um branco acinzentado, todo igual, comum, vulgar, e o ambiente jaz sob uma luz fosca e pobre, que traz qualquer mistério ou fantasia.
De um rio, um quase que translúcido fio é recolhido por mim, novamente, após repetidas tentativas mal sucedidas de pescar algum ser marítimo bastante distraído, a ponto de ser tapeado pela minha isca, e que habitasse as profundezas das águas ao meu alcance. Fiz um novo lançamento. Atenção! Depois, averiguei de maneira minuciosa a lâmina d'água por detrás da cortina de névoa pastosa. Em conjunto, eu buscava também sentir a linha, qualquer pressão a mais ou pressão a menos era analisada por mim, detalhadamente.
Não se ouve a bulha, não se sente o puxão: o peixe não fisgou e afastou-se. A minha fisionomia frustrada respirou buscando maior concentração...
Não é noite, não é dia; não é o dilúculo, não é o crepúsculo; é a hora da angústia, é a luz da incerteza. Nas águas, não há estrelas nem sol que guiem; na terra, as aves morrem de encontro às paredes brancas das casas. A minha miséria é mais completa e a falta de sucesso na minha atividade dá mais forte percepção do meu isolamento no seio da natureza grandiosa.
Os ruídos continuam, e, como nada se vê, parece que vêm do fundo da terra ou são alucinações auditivas. A realidade só me vinha do pedaço de rio que eu avistava, chiando ritmicamente, fracamente, tenuemente, a medo, desaguando de encontro à areia da praia, suja de garrafas e algas castanhas e flutuantes.
Deitei-me pela relva que continua até a praia. Pensei em cochilar; mas abri os olhos e contemplei no céu, através do nevoeiro que me umedeceu o rosto, aquela manhã angustiosa. Aquele amanhecer brumoso e feio não era uma novidade para mim. Parecia que, do seio da bruma, iria surgir demônios...
Eu estava na floresta para pescar e caçar — para predar — de hábito, como eu sempre fiz. Mas, parando para pensar, de predador a presa a diferença é tênue, a diferença é situacional.
Subitamente, espreitando por entre a mata fechada, um tigre se lançou sobre mim com a velocidade de um raio e com a imprevisibilidade característica da grande força de sua natureza. Ele cravou habilmente as suas garras retráteis na minha perna, rasgando a minha calça e posteriormente a minha carne, e me arrastou para a água abocanhando-me a cabeça. Aturdido, e sem saber exatamente o que estava acontecendo, eu tentei me segurar nos arbustos e nas pedras ao meu alcance, mas não encontrei nada fixo que eu pudesse me agarrar, e submergi inexoravelmente e em desespero. Lutei com ele como pude, às cegas, sob a água turva e afundei por aproximadamente três metros de profundidade. Então, inesperadamente, o tigre me largou, e eu, com o corpo energizado pela adrenalina, nadei o mais rápido que pude.
Logo depois, cheguei à superfície e não vi o tigre. Olhei para o meu traje encharcado e contemplei os estragos, e por baixo vi os sulcos na minha perna ensanguentada, feitos pela fera. Levantei-me com dificuldade, e pensei em buscar ajuda, mas o meu sexto sentido apitou, me alertando para um perigo iminente. Na medida em que a adrenalina abaixava de seu pico, o meu raciocínio lógico voltava a se restabelecer, e mesmo estando ainda aquém da normalidade, comecei a entender a real dimensão da minha enrascada, do meu gravíssimo dilema. “Eu posso morrer aqui. Será que esse vai ser o meu fim?” Caminhei vagarosamente, a passos contados e calculados, sentei-me numa pedra e comecei a pressionar a minha ferida com as mãos nuas, com a intenção de estancar a sangria. Estava com a boca aberta, arfando, correndo os olhos nas imediações, com presença de espírito. O sangue que escorria da minha cabeça entrou pela minha boca e me fez sentir o gosto do meu sangue.
Em um matagal alto, nas proximidades, eu avistei a mesma besta felina, novamente. Uma beleza mortal. O tigre estava ao norte do rio e eu estava ao sul. Eu não podia correr, pois sabia que se ele me visse iria me atacar. Por conta disso eu busquei me agachar e me camuflar na vegetação que me cercava.
Mesmo assim o animal me notou, e disparou em seguida na minha direção. Apavorado e ainda sem a confiança do desempenho da perna, fiquei onde estava. Eu sabia que se corresse seria inevitavelmente morto. Eu olhei nos seus olhos e por um breve momento nós nos entendemos.
Como eu já havia sido atacado antes, sabia um pouco mais o que fazer. Fiquei parado na frente dele fazendo cara de raiva e muito barulho. E da minha péle, lâminas de ossos emergiram em sucessão.
"Os tigres também têm medo de humanos. O confronto é perigoso para nós dois." — mentalizei.
O tigre ficou a um metro de distância da pedra onde eu estava e rugiu. Eu fiz o mesmo. Urrei e urrei para o tigre e fiz as caras mais assustadoras que consegui. Fiquei fazendo isso por meia hora, até a minha garganta sangrar.
Um senhor que estava um pouco distante do local ouviu o barulho e, percebendo a minha enrascada, reuniu uma multidão na aldeia. Pouco tempo depois eles chegaram, e vieram fazendo muito barulho. O tigre se assustou e fugiu, e em resposta, os meus ossos retornaram ao meu corpo. Quando vi as pessoas da vila, desmaiei. Os aldeões me levaram para a Vila e trataram dos meus graves ferimentos.
O tempo é razoavelmente bom, indiferente. Não chove, mas o céu também não está limpo; é de um branco acinzentado, todo igual, comum, vulgar, e o ambiente jaz sob uma luz fosca e pobre, que traz qualquer mistério ou fantasia.
De um rio, um quase que translúcido fio é recolhido por mim, novamente, após repetidas tentativas mal sucedidas de pescar algum ser marítimo bastante distraído, a ponto de ser tapeado pela minha isca, e que habitasse as profundezas das águas ao meu alcance. Fiz um novo lançamento. Atenção! Depois, averiguei de maneira minuciosa a lâmina d'água por detrás da cortina de névoa pastosa. Em conjunto, eu buscava também sentir a linha, qualquer pressão a mais ou pressão a menos era analisada por mim, detalhadamente.
Não se ouve a bulha, não se sente o puxão: o peixe não fisgou e afastou-se. A minha fisionomia frustrada respirou buscando maior concentração...
Não é noite, não é dia; não é o dilúculo, não é o crepúsculo; é a hora da angústia, é a luz da incerteza. Nas águas, não há estrelas nem sol que guiem; na terra, as aves morrem de encontro às paredes brancas das casas. A minha miséria é mais completa e a falta de sucesso na minha atividade dá mais forte percepção do meu isolamento no seio da natureza grandiosa.
Os ruídos continuam, e, como nada se vê, parece que vêm do fundo da terra ou são alucinações auditivas. A realidade só me vinha do pedaço de rio que eu avistava, chiando ritmicamente, fracamente, tenuemente, a medo, desaguando de encontro à areia da praia, suja de garrafas e algas castanhas e flutuantes.
Deitei-me pela relva que continua até a praia. Pensei em cochilar; mas abri os olhos e contemplei no céu, através do nevoeiro que me umedeceu o rosto, aquela manhã angustiosa. Aquele amanhecer brumoso e feio não era uma novidade para mim. Parecia que, do seio da bruma, iria surgir demônios...
Eu estava na floresta para pescar e caçar — para predar — de hábito, como eu sempre fiz. Mas, parando para pensar, de predador a presa a diferença é tênue, a diferença é situacional.
Subitamente, espreitando por entre a mata fechada, um tigre se lançou sobre mim com a velocidade de um raio e com a imprevisibilidade característica da grande força de sua natureza. Ele cravou habilmente as suas garras retráteis na minha perna, rasgando a minha calça e posteriormente a minha carne, e me arrastou para a água abocanhando-me a cabeça. Aturdido, e sem saber exatamente o que estava acontecendo, eu tentei me segurar nos arbustos e nas pedras ao meu alcance, mas não encontrei nada fixo que eu pudesse me agarrar, e submergi inexoravelmente e em desespero. Lutei com ele como pude, às cegas, sob a água turva e afundei por aproximadamente três metros de profundidade. Então, inesperadamente, o tigre me largou, e eu, com o corpo energizado pela adrenalina, nadei o mais rápido que pude.
Logo depois, cheguei à superfície e não vi o tigre. Olhei para o meu traje encharcado e contemplei os estragos, e por baixo vi os sulcos na minha perna ensanguentada, feitos pela fera. Levantei-me com dificuldade, e pensei em buscar ajuda, mas o meu sexto sentido apitou, me alertando para um perigo iminente. Na medida em que a adrenalina abaixava de seu pico, o meu raciocínio lógico voltava a se restabelecer, e mesmo estando ainda aquém da normalidade, comecei a entender a real dimensão da minha enrascada, do meu gravíssimo dilema. “Eu posso morrer aqui. Será que esse vai ser o meu fim?” Caminhei vagarosamente, a passos contados e calculados, sentei-me numa pedra e comecei a pressionar a minha ferida com as mãos nuas, com a intenção de estancar a sangria. Estava com a boca aberta, arfando, correndo os olhos nas imediações, com presença de espírito. O sangue que escorria da minha cabeça entrou pela minha boca e me fez sentir o gosto do meu sangue.
Em um matagal alto, nas proximidades, eu avistei a mesma besta felina, novamente. Uma beleza mortal. O tigre estava ao norte do rio e eu estava ao sul. Eu não podia correr, pois sabia que se ele me visse iria me atacar. Por conta disso eu busquei me agachar e me camuflar na vegetação que me cercava.
Mesmo assim o animal me notou, e disparou em seguida na minha direção. Apavorado e ainda sem a confiança do desempenho da perna, fiquei onde estava. Eu sabia que se corresse seria inevitavelmente morto. Eu olhei nos seus olhos e por um breve momento nós nos entendemos.
Como eu já havia sido atacado antes, sabia um pouco mais o que fazer. Fiquei parado na frente dele fazendo cara de raiva e muito barulho. E da minha péle, lâminas de ossos emergiram em sucessão.
"Os tigres também têm medo de humanos. O confronto é perigoso para nós dois." — mentalizei.
O tigre ficou a um metro de distância da pedra onde eu estava e rugiu. Eu fiz o mesmo. Urrei e urrei para o tigre e fiz as caras mais assustadoras que consegui. Fiquei fazendo isso por meia hora, até a minha garganta sangrar.
Um senhor que estava um pouco distante do local ouviu o barulho e, percebendo a minha enrascada, reuniu uma multidão na aldeia. Pouco tempo depois eles chegaram, e vieram fazendo muito barulho. O tigre se assustou e fugiu, e em resposta, os meus ossos retornaram ao meu corpo. Quando vi as pessoas da vila, desmaiei. Os aldeões me levaram para a Vila e trataram dos meus graves ferimentos.
HP 1/300 | CK 20/300 | ST 04/04
- Informações:
- Técnicas:
- Shikotsumyaku
Descrição: Shikotsumyaku é a kekkei genkai do extinto clã Kaguya, que dava a eles a habilidade de manipular suas próprias estruturas esqueléticas (seus osteoblastos e osteoclastos). Ao infundir chakra ao cálcio, eles podem manipular o crescimento e as propriedades de seus ossos como bem quiserem. Essa habilidade parece ser rara entre os membros do clã, já que Kimimaro era o único a possuí-la entre seu clã inteiro.
Aparentemente, essa habilidade dá ao usuário uma estrutura óssea única, já que quando Kimimaro estava muito doente, Kabuto Yakushi alegou que havia muita pouca informação sobre seu corpo para dar qualquer tratamento médico. Após injetar o DNA de Kimimaro em si mesmo, Kabuto pôde ter acesso a essa kekkei genkai que ele usa através de um clone de Kimimaro, que emerge da base de sua cobra do umbigo. As principais capacidades do Shikotsumyaku são permitir que o usuário manipule tanto a velocidade do crescimento dos ossos como também o local dos depósitos de cálcio. Isso permite criar armas de ossos que podem ou sair de qualquer parte do corpo ou serem puxadas e usadas como armas de mão, e até mesmo atirar pedaços dos ossos como projéteis de longo alcance. Qualquer osso que é removido do corpo se regenera imediatamente, assim como a pele que é danificada na remoção dos ossos. Usuários podem aumentar a densidade dos ossos criados, tornando-os mais fortes do que aço. Isso não só torna as armas criadas mais poderosas, mas também torna o corpo virtualmente indestrutível; os ossos podem até mesmo suportar uma lâmina infundida de chakra, que é geralmente suficiente para cortar qualquer coisa.
Pela demonstração dos dois únicos usuários dessa habilidade, Kimimaro e Kabuto, várias técnicas possuem nomes de flores. Muitas delas são também danças de espada baseadas em taijutsu, que são usadas para luta corpo-a-corpo e defesa. Porém, como Kimimaro demonstrou, os ossos podem também crescer a um volume muito grande, e provavelmente crescerem por cada um, como uma forma de um ninjutsu, e que ele pode emergir de qualquer um desses ossos.
Orochimaru cobiçou muito essa habilidade, afirmando que a kekkei genkai dava ao usuário uma estrutra óssea impenetrável, que pode resistir a qualquer tipo de ataque físico. Além do mais, se um usuário partir para a ofensiva, ele pode instantaneamente tornar seu corpo na lança mais afiada. O Shikotsumyaku é considerado como a habilidade suprema de taijutsu, fato que é mantido em alta consideração.
- Equipamentos (20/35):
28 Kibaku Fuuda: 14 slots
03 Kemuridama: 3 slot.
03 Hikaridama: 3 slot.
Vila : Sem vila
Mensagens : 128
Data de inscrição : 22/05/2020
Løner
Aprovado
- Considerações:
Tive a impressão de estar lendo um poema por quase todo o texto, uma forma muito agradável de se escrever. Enfim, acabou por ser o relato de uma quase(?) tragédia.. Interessante.
Recompensas: +2PdA Auto-Cura
Vila : Sem vila
Mensagens : 167
Data de inscrição : 19/06/2020
Itto
Genin — Kiri
Ao que tudo indicava, a chuva torrencial dos dois últimos dias marcara o fim das tempestades dessa última frente fria. Nessa noite, não havia nuvens no céu e a lua fulgurava, parecendo fixar irada os seres na terra, inspirando até mesmo certo temor. Eu acordei de súbito, escutei barulhos estranhos e resolvi sair de casa para tirar a limpo o que tinha acontecido.
Passados instantes, vi-me à beira de uma área residencial. Até onde o meu olhar abrangia, avistava-se apenas uma vasta extensão de casinhas com a arquitetura típica da região, com telhados cilíndricos e planos no centro. Não havia luzes nas casas, algo de se esperar pelo horário da madrugada.
Porém, ao alcançar um certo ponto entre as casas, avistei realmente as luzes acesas de uma casa para os lados em que os típicos rochedos do país se estendem para o sul. Desse ponto, caminhei ainda um pouco e enfim me aproximei. As casas eram cercadas por um muro de barro e tinha um portal velho guarnecendo a entrada, detalhes que a distinguiam de uma casa comum.
No instante seguinte, um rosto surgiu numa das janelas. Uma mulher, com certeza a proprietária da casa, gesticulava lá dentro, parecendo estar gritando, apavorada. Estranhei.
A encosta do rochedo, nos fundos da casa, era recoberta por um denso bosque. Resolvi me ocultar no bosque a fim de investigar um pouco mais a situação.
Pouco tempo depois, pelos arredores aproximou-se um homem, cruzando a rua em largas passadas. Dele emanavam impressionante selvageria e agressividade, visíveis nas sobrancelhas espessas e ferozes, nos lábios grossos e arreganhados, na enorme espada rústica, armadura em cota de malha e indumentária de pele com que cobria o corpo. Os olhos esbugalhados moveram-se em direção à casa, depois examinou os flancos, e por fim, fez um aceno. Brotaram mais diversos homens de aspectos igualmente suspeitos. Na medida em que eu ia observando os seus trejeitos, mais ficava claro para mim que aqueles eram integrantes de um grupo de criminosos prestes a realizar os seus planos.
Os intrusos tinham planejado atacar à noite para surpreender os moradores adormecidos e invadiram a casa com os pés enlameados, sem se preocupar em descalçar as sandálias. Separados em grupos, revolviam os depósitos, os armários, os quartos.
Aboletado à beira do fogo, o homem de armadura de cota observava em silêncio o trabalho de seus sequazes vasculhando a casa. Ocultando um sorriso malicioso, num gesto abrupto tragou de vez todo o saque da garrafa que tinha encontrado na casa.
— Bando de lerdos, que foi que acharam?
— Nada, chefe.
— Nada mesmo?
— Nada!
— Sei... Mas é claro, não deve ter nada escondido, com certeza. Suspendam a busca!
A dona da casa apareceu, sentou-se na sala ao lado, as costas voltadas para o grupo de invasores. Sua atitude era incomum, aparentando até mesmo indiferença ante o rumo dos acontecimentos.
— Aí está — disse o líder, levantando-se ameaçador. — Arrastem esta mulher para fora da casa e matem-na!
Os bandidos avançaram displicentes para o aposento em que ela estava, considerando que se tratava apenas de uma mulher. Estacaram petrificados, no entanto, na entrada da sala. Aparentemente, temiam aproximar-se da dona.
– Que se passa? Arrastem para cá essa mulher de uma vez!
O líder da gangue impacientava-se no outro cômodo. Ainda assim seus capangas permaneciam imóveis, observando fixamente o interior do aposento e perdendo um longo tempo. O chefe estalou a língua, impaciente, e foi pessoalmente verificar o local.
Pretendia aproximar-se da mulher em seguida, mas também ele não conseguiu vencer o umbral da porta. Invisível da sala onde ardia um braseiro, eu previamente me adentrara, furtivamente, e me mantinha de tocaia, com uma aparência agressiva, visando proteger a moradora. Estava a empunhar uma espada de osso em posição enviesada, pronto a atingir e a abater a primeira perna que, por pouco que fosse, surgisse dentro do meu campo de visão.
– Está claro! — rosnou o ladrão, lembrando-se. – Você é o rapazote que vi, andando pelas redondezas.
Eu aguardava em silêncio, demonstrando claramente que preferia ação a palavras. Uma atmosfera sinistra me envolvia.
– Não sei de homem morando nesta casa. Presumo então que você seja um mendigo, lixo do vilarejo. Vou avisando: não se meta no que não lhe diz respeito, pois vai sofrer as consequências — vociferou.
– Sou Shinsuke, da aldeia: não há quem não me conheça nas redondezas. E você é arrogante demais para um pirralho. Vai ver agora o que faço com você!
– Saiam! — ordenou Shinsuke com um gesto, dirigindo-se aos seus capangas, pois não queria que o estorvassem. Inadvertidamente, porém, um capanga que se afastava andando de costas caiu no braseiro cavado ao nível do assoalho e gritou. Fagulhas das toras de pinheiro elevaram-se no ar, tocaram o teto e encheram o ambiente de cinzas.
Shinsuke, que até então fixava imóvel a entrada da sala, rosnou:
– Malditos! — e de súbito invadiu o quarto.
Neste momento, eu descarreguei instantaneamente a espada com toda a força dos dois braços. Mas nem toda a minha agilidade foi capaz de sobrepujar o ímpeto de Shinsuke: a minha arma resvalou com um tinido na ponta da espada do adversário.
A mulher dona da casa não estava mais à vista — foi certamente se esconder em algum armário para evitar que se ferisse. A estratégica defesa da casa fora combinada antecipadamente por mim e por ela, enquanto Shinsuke bebia aboletado à beira do fogo e, ao que tudo indicava, esse respaldo era uma das causas da calma da dona.
Enquanto isso, eu investi novamente, visando o tórax de Shinsuke, jogando contra ele todo o peso do corpo num golpe violento.
A espada rasgou o ar, sibilando.
Em resposta, Shinsuke usou o próprio corpo lançando o peito sólido como rocha ao meu encontro. Nunca havia me defrontado com um indivíduo tão poderoso. Tive a impressão de ter sido agarrado por um enorme urso. Imobilizado por um forte punho em minha garganta, senti a lâmina do adversário perfurando-me o tronco. Com um súbito movimento do corpo, contudo, liberei num golpe só o ar retido no peito: o enorme corpo de Shinsuke projetou-se então no espaço, pernas dobradas, e foi de encontro à parede com um estrondo que abalou a casa. Do meu corpo ensanguentado brotavam diversas estacas cor de marfim.
Nessa noite eu me deparei com uma presa inesperada: Shinsuke, chefe de uma quadrilha de bandidos. Como tinha ansiado por um inimigo desse nível!
– Covarde, volte aqui, covarde!
Aos gritos, eu corria como um raio pelas ruas escuras, esquecendo-me totalmente do grave ferimento. Dez passos à frente fugia Shinsuke, também este tão rápido que parecia voar.
Os meus cabelos se eriçavam, o vento zunia nos meus ouvidos, a sensação de prazer era tão intensa que se tornava quase insuportável. O sangue galopava nas minhas veias com uma alegria bestial e me levava ao paroxismo.
No instante em que, de um salto, minha sombra pareceu sobrepor-se às costas de Shinsuke, o sangue jorrou da minha espada de osso e um medonho urro cortou os ares. O corpanzil de Shinsuke foi ao chão com um baque. Esfreguei então o braço na testa e disse:
– E agora, valentão?
Lancei um breve olhar para o cadáver e voltei-me solenemente, retornando sobre os próprios passos. Parecia considerar trivial o feito. Fosse superior o adversário, sabia, seria eu, Yoshiaki, a jazer esquecido.
– É você, Yoshiaki? — soou ao longe a voz da mulher dona da casa.
– Hum — respondi com a voz arrastada, vagando o olhar ao redor.
– Que aconteceu? — perguntou ela, aflita.
– Liquidei-o. O resto do bando fugiu. São uns covardes.
Pouco depois, a dona da casa, muito agradecida e preocupada com o meu estado, me convidou para a sua casa e tratou dos meus ferimentos. Posteriormente, vendo o tamanho da perfuração no meu corpo ela se admirou que eu, neste estado, conseguira continuar lutando.
— Isso é resultado de muitos anos de treino, dona... — respondi.
Passados instantes, vi-me à beira de uma área residencial. Até onde o meu olhar abrangia, avistava-se apenas uma vasta extensão de casinhas com a arquitetura típica da região, com telhados cilíndricos e planos no centro. Não havia luzes nas casas, algo de se esperar pelo horário da madrugada.
Porém, ao alcançar um certo ponto entre as casas, avistei realmente as luzes acesas de uma casa para os lados em que os típicos rochedos do país se estendem para o sul. Desse ponto, caminhei ainda um pouco e enfim me aproximei. As casas eram cercadas por um muro de barro e tinha um portal velho guarnecendo a entrada, detalhes que a distinguiam de uma casa comum.
No instante seguinte, um rosto surgiu numa das janelas. Uma mulher, com certeza a proprietária da casa, gesticulava lá dentro, parecendo estar gritando, apavorada. Estranhei.
A encosta do rochedo, nos fundos da casa, era recoberta por um denso bosque. Resolvi me ocultar no bosque a fim de investigar um pouco mais a situação.
Pouco tempo depois, pelos arredores aproximou-se um homem, cruzando a rua em largas passadas. Dele emanavam impressionante selvageria e agressividade, visíveis nas sobrancelhas espessas e ferozes, nos lábios grossos e arreganhados, na enorme espada rústica, armadura em cota de malha e indumentária de pele com que cobria o corpo. Os olhos esbugalhados moveram-se em direção à casa, depois examinou os flancos, e por fim, fez um aceno. Brotaram mais diversos homens de aspectos igualmente suspeitos. Na medida em que eu ia observando os seus trejeitos, mais ficava claro para mim que aqueles eram integrantes de um grupo de criminosos prestes a realizar os seus planos.
Os intrusos tinham planejado atacar à noite para surpreender os moradores adormecidos e invadiram a casa com os pés enlameados, sem se preocupar em descalçar as sandálias. Separados em grupos, revolviam os depósitos, os armários, os quartos.
Aboletado à beira do fogo, o homem de armadura de cota observava em silêncio o trabalho de seus sequazes vasculhando a casa. Ocultando um sorriso malicioso, num gesto abrupto tragou de vez todo o saque da garrafa que tinha encontrado na casa.
— Bando de lerdos, que foi que acharam?
— Nada, chefe.
— Nada mesmo?
— Nada!
— Sei... Mas é claro, não deve ter nada escondido, com certeza. Suspendam a busca!
A dona da casa apareceu, sentou-se na sala ao lado, as costas voltadas para o grupo de invasores. Sua atitude era incomum, aparentando até mesmo indiferença ante o rumo dos acontecimentos.
— Aí está — disse o líder, levantando-se ameaçador. — Arrastem esta mulher para fora da casa e matem-na!
Os bandidos avançaram displicentes para o aposento em que ela estava, considerando que se tratava apenas de uma mulher. Estacaram petrificados, no entanto, na entrada da sala. Aparentemente, temiam aproximar-se da dona.
– Que se passa? Arrastem para cá essa mulher de uma vez!
O líder da gangue impacientava-se no outro cômodo. Ainda assim seus capangas permaneciam imóveis, observando fixamente o interior do aposento e perdendo um longo tempo. O chefe estalou a língua, impaciente, e foi pessoalmente verificar o local.
Pretendia aproximar-se da mulher em seguida, mas também ele não conseguiu vencer o umbral da porta. Invisível da sala onde ardia um braseiro, eu previamente me adentrara, furtivamente, e me mantinha de tocaia, com uma aparência agressiva, visando proteger a moradora. Estava a empunhar uma espada de osso em posição enviesada, pronto a atingir e a abater a primeira perna que, por pouco que fosse, surgisse dentro do meu campo de visão.
– Está claro! — rosnou o ladrão, lembrando-se. – Você é o rapazote que vi, andando pelas redondezas.
Eu aguardava em silêncio, demonstrando claramente que preferia ação a palavras. Uma atmosfera sinistra me envolvia.
– Não sei de homem morando nesta casa. Presumo então que você seja um mendigo, lixo do vilarejo. Vou avisando: não se meta no que não lhe diz respeito, pois vai sofrer as consequências — vociferou.
– Sou Shinsuke, da aldeia: não há quem não me conheça nas redondezas. E você é arrogante demais para um pirralho. Vai ver agora o que faço com você!
– Saiam! — ordenou Shinsuke com um gesto, dirigindo-se aos seus capangas, pois não queria que o estorvassem. Inadvertidamente, porém, um capanga que se afastava andando de costas caiu no braseiro cavado ao nível do assoalho e gritou. Fagulhas das toras de pinheiro elevaram-se no ar, tocaram o teto e encheram o ambiente de cinzas.
Shinsuke, que até então fixava imóvel a entrada da sala, rosnou:
– Malditos! — e de súbito invadiu o quarto.
Neste momento, eu descarreguei instantaneamente a espada com toda a força dos dois braços. Mas nem toda a minha agilidade foi capaz de sobrepujar o ímpeto de Shinsuke: a minha arma resvalou com um tinido na ponta da espada do adversário.
A mulher dona da casa não estava mais à vista — foi certamente se esconder em algum armário para evitar que se ferisse. A estratégica defesa da casa fora combinada antecipadamente por mim e por ela, enquanto Shinsuke bebia aboletado à beira do fogo e, ao que tudo indicava, esse respaldo era uma das causas da calma da dona.
Enquanto isso, eu investi novamente, visando o tórax de Shinsuke, jogando contra ele todo o peso do corpo num golpe violento.
A espada rasgou o ar, sibilando.
Em resposta, Shinsuke usou o próprio corpo lançando o peito sólido como rocha ao meu encontro. Nunca havia me defrontado com um indivíduo tão poderoso. Tive a impressão de ter sido agarrado por um enorme urso. Imobilizado por um forte punho em minha garganta, senti a lâmina do adversário perfurando-me o tronco. Com um súbito movimento do corpo, contudo, liberei num golpe só o ar retido no peito: o enorme corpo de Shinsuke projetou-se então no espaço, pernas dobradas, e foi de encontro à parede com um estrondo que abalou a casa. Do meu corpo ensanguentado brotavam diversas estacas cor de marfim.
Nessa noite eu me deparei com uma presa inesperada: Shinsuke, chefe de uma quadrilha de bandidos. Como tinha ansiado por um inimigo desse nível!
– Covarde, volte aqui, covarde!
Aos gritos, eu corria como um raio pelas ruas escuras, esquecendo-me totalmente do grave ferimento. Dez passos à frente fugia Shinsuke, também este tão rápido que parecia voar.
Os meus cabelos se eriçavam, o vento zunia nos meus ouvidos, a sensação de prazer era tão intensa que se tornava quase insuportável. O sangue galopava nas minhas veias com uma alegria bestial e me levava ao paroxismo.
No instante em que, de um salto, minha sombra pareceu sobrepor-se às costas de Shinsuke, o sangue jorrou da minha espada de osso e um medonho urro cortou os ares. O corpanzil de Shinsuke foi ao chão com um baque. Esfreguei então o braço na testa e disse:
– E agora, valentão?
Lancei um breve olhar para o cadáver e voltei-me solenemente, retornando sobre os próprios passos. Parecia considerar trivial o feito. Fosse superior o adversário, sabia, seria eu, Yoshiaki, a jazer esquecido.
– É você, Yoshiaki? — soou ao longe a voz da mulher dona da casa.
– Hum — respondi com a voz arrastada, vagando o olhar ao redor.
– Que aconteceu? — perguntou ela, aflita.
– Liquidei-o. O resto do bando fugiu. São uns covardes.
Pouco depois, a dona da casa, muito agradecida e preocupada com o meu estado, me convidou para a sua casa e tratou dos meus ferimentos. Posteriormente, vendo o tamanho da perfuração no meu corpo ela se admirou que eu, neste estado, conseguira continuar lutando.
— Isso é resultado de muitos anos de treino, dona... — respondi.
HP 1/300 | CK 20/300 | ST 04/04
- Informações:
- Técnicas:
- Shikotsumyaku
Descrição: Shikotsumyaku é a kekkei genkai do extinto clã Kaguya, que dava a eles a habilidade de manipular suas próprias estruturas esqueléticas (seus osteoblastos e osteoclastos). Ao infundir chakra ao cálcio, eles podem manipular o crescimento e as propriedades de seus ossos como bem quiserem. Essa habilidade parece ser rara entre os membros do clã, já que Kimimaro era o único a possuí-la entre seu clã inteiro.
Aparentemente, essa habilidade dá ao usuário uma estrutura óssea única, já que quando Kimimaro estava muito doente, Kabuto Yakushi alegou que havia muita pouca informação sobre seu corpo para dar qualquer tratamento médico. Após injetar o DNA de Kimimaro em si mesmo, Kabuto pôde ter acesso a essa kekkei genkai que ele usa através de um clone de Kimimaro, que emerge da base de sua cobra do umbigo. As principais capacidades do Shikotsumyaku são permitir que o usuário manipule tanto a velocidade do crescimento dos ossos como também o local dos depósitos de cálcio. Isso permite criar armas de ossos que podem ou sair de qualquer parte do corpo ou serem puxadas e usadas como armas de mão, e até mesmo atirar pedaços dos ossos como projéteis de longo alcance. Qualquer osso que é removido do corpo se regenera imediatamente, assim como a pele que é danificada na remoção dos ossos. Usuários podem aumentar a densidade dos ossos criados, tornando-os mais fortes do que aço. Isso não só torna as armas criadas mais poderosas, mas também torna o corpo virtualmente indestrutível; os ossos podem até mesmo suportar uma lâmina infundida de chakra, que é geralmente suficiente para cortar qualquer coisa.
Pela demonstração dos dois únicos usuários dessa habilidade, Kimimaro e Kabuto, várias técnicas possuem nomes de flores. Muitas delas são também danças de espada baseadas em taijutsu, que são usadas para luta corpo-a-corpo e defesa. Porém, como Kimimaro demonstrou, os ossos podem também crescer a um volume muito grande, e provavelmente crescerem por cada um, como uma forma de um ninjutsu, e que ele pode emergir de qualquer um desses ossos.
Orochimaru cobiçou muito essa habilidade, afirmando que a kekkei genkai dava ao usuário uma estrutra óssea impenetrável, que pode resistir a qualquer tipo de ataque físico. Além do mais, se um usuário partir para a ofensiva, ele pode instantaneamente tornar seu corpo na lança mais afiada. O Shikotsumyaku é considerado como a habilidade suprema de taijutsu, fato que é mantido em alta consideração.Tsubaki no Mai
Rank: C
Classe: Ofensiva
Alcance: 5 metros
Requerimentos: Clã Kaguya
Descrição: Kimimaro realiza esta técnica, modificando o úmero (osso do braço) de qualquer braço direito ou esquerdo para criar um curto, punho da espada ósseo. Desde que ele pode aumentar e comprimir a densidade dos seus ossos, ele pode fazer a espada mais resistente do que o aço. Ele então usa a espada para lutar; seu estilo usa cortes rápidos e estocadas para desabilitar oponentes rapidamente. Ele é extremamente hábil com esta espada e não pode, apenas desviar a shuriken, mas também deter um grande número de Clones de Sombra com esta técnica.
- Equipamentos (20/35):
28 Kibaku Fuuda: 14 slots
03 Kemuridama: 3 slot.
03 Hikaridama: 3 slot.
Vila : Sem vila
Mensagens : 128
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Cerberus
Mestre
Aprovado. Parabéns pelo desenvolvimento do treinamento.
Vila : Sem vila
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