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[Rank D] — Última Gota
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Enryu
Chūnin — Kiri
Naquele final de tarde, meus olhos vagueavam à deriva pela imensidão estampada nas sujas ventanas. Como sempre, a chuva caía e borrava aquele monótono cenário, uma singular mistura entre as feias moradas dos miseráveis e os belos arranha-céus dos abastados. O cheiro da terra molhada também era forte, embora minhas narinas o achassem notavelmente agradável. De súbito, um pequeno tremor abalou a soleira da porta e pôs fim ao meu descanso. Rápida, minha visão esgueirou-se até o chão e constatou um pequeno objeto junto à uma sombra débil, que não tardou para se afastar ao som de passos agudos, ecoando ao longo do largo corredor. Sem pressa, ergui-me do sofá com resmungos e curvei-me ao chão, tomando o item em mãos.
Uma carta. Avaliei, seguindo para o sofá e me lançando novamente em meio ao lençol esburacado. Os dedos ágeis agitaram-se e abriram a correspondência sem dificuldades, e em seguida meus olhos trabalharam para examinar seu conteúdo. Problema de goteiras. Missão ranqueada. Li, sintetizando o teor daquela mensagem. — Merda. — praguejei ao vazio, largando a carta no chão enquanto sucumbia, com minha própria vontade, à sombria ardência do sono. Antes de dormir, pude mirar mais uma vez aquela maldita paisagem que compunha Amegakure, o vilarejo deixado ao infinito relento.
...
Apertei contra o busto o manto negro que quase sempre me acompanhava. Havia acordado bem cedo, o bastante para poder ver o astro rei erguer-se da vastidão montanhosa. A chuva ainda caía, embora fosse muito mais fina que a da tarde anterior, como se pequenos insetos pousassem em mim. Ainda assim, ela era incômoda o bastante para fazer-me proteger a cabeça com o capuz de meu casaco e arquear o pescoço em busca do chão. Sem demora, arranquei pelas vielas imundas do aldeado, com os olhos semicerrados e vidrados nos ladrilhos escorregadios. Enquanto galgava, tinha em mente as considerações da correspondência lida outrora. Eu precisava me apresentar, em vinte quatro horas, na oficina de um tal de Ran, localizada ao leste de Amegakure. A carta constatava o homem como um mestre pedreiro, e seria ele a dar as instruções para meu serviço. Dessa maneira, segui adiante, certo de que queria acabar com aquilo o mais rápido possível.
Dentre o mar de guarda-chuva dos transeuntes, as tendas de alimentos, as barracas de mercadorias e a chuva incessante, me capturou por completo um letreiro com entalhes de madeira. Oficina de Ran. Dizia o anúncio, sujo o bastante para poder dizer que jamais haviam o limpado. Escapei da multidão sem dificuldade, jogando meu corpo para lá e para cá como uma prova de que eu era um vagante experiente das ruas de Amegakure. Alcei a pequena varanda do estabelecimento e adentrei de imediato, ignorando os velhos costumes de remover os calçados. O soalho de madeira bruta ecoou com meus passos, ao mesmo tempo que penetrava na escuridão e notava o possante cheiro de mofo.
— Alguém aí? — perguntei, sem esforço aparente em minha voz, almejando que ninguém aparecesse para que eu pudesse retornar mais cedo à minha casa. Contudo, bastou alguns segundos para que o pavimento voltasse a tremer. Uma luz se acendeu no fundo do lugar, e depois outras várias acompanharam o processo e iluminaram todo o recinto. Assim, revelou-se uma verdadeira oficina, um lugar com inúmeros instrumentos de trabalho, além de revelar um sujeito sentado em uma mesa, enraizado nos resquícios de sombras. Instintivamente, segui ao seu encontro, analisando-o profundamente. “Foi você quem eles mandaram? Por que não deixou os sapatos? Podiam ter chamado um com mais disciplina.” Ele perguntou. Sua voz era carregada, coincidente com sua a sua aparência; um homem alto, magro, com cabelos de fios negros e grisalhos, olhos castanhos. Vestia um velho sobretudo marrom, provavelmente seu traje de trabalho.
— Quer que eu vá embora? — retruquei após chegar à sua frente, cravando-o com meu olhar. Certo tom de deboche emoldurou minha fala, mas o velho pedreiro deu de ombros como se estivesse acostumado. “Não, fique.” Ele respondeu, e não me contentei a abrir um pequeno sorriso no canto do rosto. “Pois bem. Me chamo Ran.” Ele continuou. “Já sabe qual é o problema, certo?” Afirmei com a cabeça. “Estou sem mão de obra. Morreram dois dos meus empregados essa semana. Morreram em missões no exterior, como ninjas. Não sei o porquê, mas essa juventude insiste em se enfiar em lutas que não são deles. Concorda?” Não respondi, permaneci em pleno silêncio, fitando-o. Claro, eu discordava do velho, mas não estava a fim de iniciar uma discussão. — Prefiro falar sobre o trabalho.
“Tudo bem, você é um jovem da ação. Enfim, sendo bem claro, você terá muito a fazer. Te ensinarei a preparar a massa, embora essa não seja a parte difícil. O maior problema será encontrar as goteiras externas no meio dessa chuva. As internas serão bem fáceis, admito. Venha cá, agora olhe para esse mapa.” Continuou o velho Ran, apontando com o indicador para a folha disposta sob a mesa em que se encontrava. “Memorize esse mapa. Você precisa cuidar dessas seis casas, desses quatro bares e desses dez mercados. Como pode ver, são vinte estabelecimentos, e te aconselho a fazer isto antes do anoitecer. Agora, me acompanhe.” O senhor levantou-se e seguiu por uma porta lateral. Fui atrás dele.
Ele me levou até uma sala diferente, um pouco mais iluminada que o saguão anterior. Nela, haviam sacos e sacos de argamassa, mantidos enfileirados como uma verdadeira coleção, além de uma pequena cisterna que dava vazão à um tanque d’água. Ran pegou um deles e jogou a mistura em um balde grande, mostrando uma força destoante de seu físico franzino. Depois, foi ao fundo e encheu o balde, dois palmos para ser exato, e em seguida misturou-o com a própria mão. Depois de poucos segundos, o conteúdo havia se transformado em uma pasta, e depois de alguns minutos, virara uma massa rígida, inquebrável e insolúvel. “Já te dei as orientações, jovem. Agora, mãos à obra. É aqui que nos despedimos. Quando terminar, vá direto ao quartel e peça a recompensa.”
...
Fiquei preso naquela sala por duas horas, mas consegui arrumar dois baldes cheios da mistura. Em meio à chuva que insistia em regar as avenidas de Amegakure, acometi em direção ao estabelecimento mais próximo: uma das casas. No perímetro, parei para que pudesse me atentar à goteira, e tardei para perceber um pequeno furo em uma das arestas do seu largo telhado. Com destreza, encostei os baldes no chão e peguei uma parcela do conteúdo, largando-o em minha mão. Depois, com o chakra concentrada em meus pés, escalei a moradia e depositei a mistura no lugar desejado, cobrindo-o por inteiro. Esperei alguns minutos até, finalmente, estar pronto o primeiro serviço. Não me privei de abrir um pequeno sorriso, uma alegria rápida, que passou ao me lembrar que ainda faltavam dezenove goteiras para eu visitar.
Pouco a pouco, continuei em minha empreitada. O segundo, o terceiro, o quarto e o quinto. De fato, era complicado ter a percepção das goteiras que caíam para o lado externo em meio à chuva, mas depois rapidamente me acostumei com o serviço. As seguintes foram um pouco mais naturais. Precisei adentrar em alguns estabelecimentos para poder acabar com o problema, embora ainda tivesse que aturar os olhares tortos dos moradores das casas e dos consumidores dos mercados e dos bares. Para as goteiras interiores, obedeci aos mesmos protocolos explicitados por Ran, embora tenha tomado cuidado com a massa para não a deixar cair e sujar o chão com a mistura.
Quando tudo terminou, eu morria de fome. Não havia almoçado, e o sol já estava se pondo. Por conta de minha cadência na execução do serviço, tinha terminado antes do cair da noite, embora tenha me crucificado para que isso pudesse ocorrer. Rápido, mas excruciado, me lancei nas ruas mais uma vez e me dirigi até o quartel general, como Ran havia afirmado. Pedi pela minha recompensa, e depois de recebe-la, me apressei para fazer uma boa refeição. Assim feita, retornaria para minha morada e teria mais uma noite de sono, dormindo ao som das finas gotas de chuva que, como sempre, não paravam de cair.
Azrael; 300/300 300/300 0/2
- Considerações:
- Dados: Aparência de Sung Jin-Woo, utilizando estas vestes. O manto da areia de ferro segue por cima do traje padrão. Ficha aqui. Bolsa de armas presa na coxa esquerda.
Resumo: Ran; imagem.- Missão Rank-D:
- Astaroth escreveu:Amegakure vem passando por um problema sério de goteiras em algumas casas, bares e mercados. Este é um trabalho chato para qualquer ninja e a inteligência do vilarejo não passaria para ninjas do alto escalão. Uma carta foi enviada cerca de vinte e quatro horas antes do serviço começar. Você será orientado por um mestre pedreiro, ele irá te ensinar o básico para fazer a massa que irá cobrir as rachaduras e acabar com as goteiras por enquanto. Se prepare e ajude a resolver o problema do vilarejo. Link do pedido.
- Talentos:
- Adepto Elemental – Satetsu — O usuário torna-se especialista em um elemento. Podendo se tornar especialista em um segundo elemento quando atingir ranqueamento igual a Jōnin. Genin: 10% de dano extra e economia de chakra.
Perito em Ninjutsu — O personagem possui a capacidade natural de executar, aprender e consequentemente combater de forma eficiente o Ninjutsu. Há um gasto de -35% nos Ninjutsu a partir do rank-C (não é válido para gastos separados). Recebe-se 1 PdA em ninjutsu.
Sobrevivência — Você aprendeu a se virar sozinho na natureza, seja por estudo ou experiência própria. Sabe o básico para sobreviver e se adaptar às mais adversas condições. Consegue achar água, reconhecer alimentos venenosos, seguir animais e o que precisar para impressionar Darwin. O usuário consegue passar por situações apertadas com uma maior facilidade, seja enfrentando uma tempestade de areia ou quem sabe perdido em uma floresta.
- Outros:
- BOLSA DE ARMAS (20)
~- Usados:
- Yūrei, 500un.
Qualidade: Comum.
Descrição: Fantasma (幽霊, Yūrei) é a principal ferramenta de Azrael para a manipulação da areia de sua linhagem. Apresenta-se na forma de um manto, que se diferencia por sua coloração enegrecida e opaca dada a espessa concentração de areia de ferro. Com a relíquia, Azrael torna-se capaz de usar seu elemento com precisão, sem a necessidade de usar o Satetsu depositado no ambiente. O manto é maleável por conta de seu elemento de formação, sendo manipulável seguindo os regulamentos específicos da areia de ferro. Concede ao usuário um bônus de dois pontos no resultado no modificador de Acerto de Ninjutsu à distância.
Vila : Kirigakure
Mensagens : 99
Data de inscrição : 19/05/2020
Sandman
Mestre
@Aprovado. Ótima narrativa.
5.000,00 ryous.
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Vila : Sem vila
Mensagens : 94
Data de inscrição : 07/05/2020
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